21 Jan 2011

Na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP, uma série de pesquisas estão sendo desenvolvidas para melhorar as técnicas de aplicação de implantes em cães e gatos. Concentrados no Laboratório de Ortopedia e Traumatologia Comparada, os estudos são coordenados pelo professor Cassio Ferrigno, que há aproximadamente oito anos trabalha com experimentações nessa área.

 

Entre as linhas de pesquisa que estão sendo conduzidas, as principais se dedicam à busca de novas formas de implantes e ao teste de implantes usados na medicina humana em animais. A técnica das hastes bloqueadas, utilizada em humanos, tem sua adaptação para animais estudada pelo grupo. O benefício do uso da técnica é o fato das hastes permitirem uma estabilização rígida da fratura, além de possuírem vantagens biomecânicas em relação aos outros tipos de imobilização, pois atuam ao longo do eixo mecânico central do osso. 

 

Além disso, os pesquisadores estão adaptando um sistema chamado de “fixador circular” ou “Ilizarov”, o que é uma novidade, tanto no Brasil quanto no exterior. Os fixadores externos são estruturas metálicas fixadas nos membros para a correção de deformidades ósseas. Segundo o professor, o objetivo dessas pesquisas é trazer a mesma qualidade da ortopedia humana para a veterinária, com todas as tecnologias que são possíveis de ser aplicadas.

 

Com apoio de instituições como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o núcleo de pesquisas já aprimorou métodos que hoje são usados no mundo inteiro. Um exemplo são as osteotomias corretivas, fraturas causadas para readequar o osso em uma posição anatômica.

 

Próximos passos

 


Recentemente, a FMVZ recebeu uma verba da Fapesp para a implantação de um laboratório de biomecânica. Para o professor Cássio Ferrigno, essa conquista foi importante porque, agora, será possível testar todos esses materiais em cadáveres. “Só testamos os implantes nos animais vivos depois que eles [ os implantes] passaram por uma prova em cadáver”, conta o docente. Nesses testes, os aspectos mecânicos, como a resistência dos implantes, são as principais preocupações. Depois disso, os implantes são aplicados em casos clínicos, onde, então, a viabilidade de cicatrização óssea é avaliada.

 

Além dos estudos com os implantes usados em humanos, os pesquisadores trabalham também com implantes próprios para animais. Uma pesquisa, que está apenas no começo, consiste no tratamento da ruptura do ligamento cruzado cranial em cães, uma doença que acomete a articulação do joelho dos animais, através de osteotomias. “São implantes específicos que nós usamos para fazer esses tipos de cirurgias”, diz Ferrigno.

 

Outras pesquisas, que ainda estão na fase de análise dos dados, também têm como objetivo a correção do ligamento cruzado, embora não estudem um implante em si. Em uma delas, uma termocâmera mostra quais são as partes mais quentes e menos quentes no joelho do cão, e com isso, é possível saber qual a área que está sendo mais exigida e comparar as técnicas que estão sendo usadas para o seu tratamento. Em outra, o animal é posto em uma esteira que mede a pressão de seu passo. Também nessa pesquisa, o objetivo é “comparar as técnicas, para ver qual é a mais eficaz”.

 

Aplicação prática

 


Apesar dos diversos casos clínicos do Hospital Veterinário da FMVZ, Ferrigno afirma que nenhuma técnica experimental é usada antes de ser comprovada a sua eficiência. “Nós geralmente usamos técnicas já consagradas”, assegura. Os casos do Hospital são utilizados para estudar certos fatores dessas técnicas, como uma comparação entre métodos, tipos de implantes diferentes, ou novas formas de aplicação. Na parte de ortopedia, todas as práticas testadas, até as aplicadas em humanos, já são feitas no Hospital.

 


Através desses casos, os alunos são beneficiados da mesma forma, pois eles têm acesso a todos os processos aplicados. Eles veem as cirurgias sendo feitas, como o animal se comporta depois, entre outras coisas. Para o professor, “isso já é usado no aprendizado, não só do aluno, como do pós-graduando também”. Posteriormente, os dados dessas pesquisas ficam disponíveis para toda a comunidade científica.

Fonte: Agência USP



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