Produtor de Sucesso: Sistema Silvipastoril

01 Jul 2011

 

Quando comparamos a pecuária com a produção agrícola, é fácil perceber um déficit evidente em relação aos rendimentos de cada uma. O lucro da pecuária por hectare/ano é estimado em R$ 100, enquanto culturas como o milho e a soja rendem por baixo R$ 700 durante o mesmo período. Um dos motivos para essa diferença é o melhor aproveitamento da terra, atingido com a aplicação de tecnologias adequadas que se popularizaram entre os agricultores.
 
“A pecuária é muito atrasada. Está anos atrás em termos de tecnologia no campo”, relata Arno Schneider, produtor rural do município de Santo Antônio do Leverger, no Mato Grosso. Foi com esse pensamento que ele, que também é engenheiro agrônomo, resolveu inovar em sua atividade rural.
 
A sacada, é claro, não foi imediada. Foram 10 anos de atividade tradicional até que tomou a decisão de mudar. “Eu já vinha pensando em diversificar os lucros da produção para não ficar 100% dependente da cadeia da carne. Foi aí que eu tive a ideia de trabalhar com a silvicultura”.
 
Investimento a longo prazo
Arno Schneider é um dos pioneiros na integração silvipastoril no Mato Grosso e já desenvolve a atividade integrada à pecuária há quase 13 anos. No entanto, este não é o seu único diferencial. Enquanto o eucalipto é quase unanimidade da pequena parcela que opta pela integração, Arno optou por outro plantio; a teca (Tectona grandis).
 
A preferência, segundo ele, vem dos preços nos mercados internacionais, principalmente o indiano e o americano. “Com o planejamento certo, cada hectare de teca pode render cerca de R$ 100 mil em 30 anos”, esclarece. “Isso dá uma média de R$ 3,3 mil por hectare/ano”. 
 
Como o primeiro corte das toras é previsto apenas para após 15 anos, ainda restam dois para que Arno comece a lucrar de verdade com a madeira. No entanto, a expectativa é grande. “A cada ano que passa eu planto mais 15 hectares, para quando chegar a hora a cada ano eu ter uma nova leva para vender”.
 
Para os que desdenham do tempo necessário para os lucros chegarem, ele esclarece: “A ideia não é substituir a gado pela teca, mas apresentar ela como uma alternativa de renda em médio-longo prazo”. O sistema foi todo desenvolvido nas propriedades de Arno – a estância Anna Sophia e a fazenda Boqueirão. No total, são 150 hectares de pastagem que dividem espaço com as árvores. 
 

 
Detalhes e observações
Segundo o planejamento de Arno, apenas 0,2 da área do hectare é ocupado pela teca. “É preciso tomar cuidado para que não haja sombreamento excessivo do pasto”. Outros  cuidados a serem tomados são em relação ao solo, que deve ser drenado e profundo, e o pastoreio – que deve iniciar apenas com bezerros e só depois que a árvore já estiver com quatro metros de altura, para que o boi não quebre a planta. 
 
“Os benefícios desse sistema são enormes. Não só pelo dinheiro, mas também pelas vantagens indiretas da integração”, relata Arno. A folha de teca que cai no pasto, por exemplo, é matéria orgânica que melhora a qualidade do solo. Mais do que isso, a floresta vai realizar o sequestro de carbono da pecuária, deixando o saldo ambiental da propriedade positivo. Num contexto onde o meio ambiente é cada vez mais valorizado, com propostas como o ABC (Agricultura de Baixo Carbono), do Governo Federal, iniciativas como essas devem se tornar cada vez mais populares.

Fonte: Andriolli Costa / Rural Centro



Nosso site possui algumas políticas de privacidade. Tudo para tornar sua experiência a mais agradável possível. Para entender quais são, clique em POLÍTICA DE PRIVACIDADE. Ao clicar em Eu concordo, você aceita as nossas políticas de privacidades.