Inseminação artificial em bovinos: uso da IATF cresce até 30% ao ano

20 Sep 2011

Nesta segunda-feira (20 de setembro) o médico veterinário e professor da FMVZ-Unesp, José Luiz Moraes Vasconcelos, conhecido como Zequinha, esteve em Campo Grande/MS para palestrar sobre uso de IATF – que é a Inseminação Artificial por Tempo Fixo – neste início de estação de monta. A palestra começou às 20h (horário de MS) e durou cerca de uma hora e meia.

Na palestra, José Luiz relacionou a produção de carne com reprodução, genética e nutrição. Segundo o professor, a IATF, que cresce de 20% a 30% todo ano no Brasil, consegue aumentar o aproveitamento desses três pilares da produção de carne, pois permite inseminar uma vaca com escore corporal inferior. No entanto, Zequinha rejeita que a conta que o pecuarista deve fazer é de um bezerro por ano. “Essa é uma conta de quantidade. Nós temos que buscar a eficiência reprodutiva ao invés de somente reprodução. Assim, conseguimos fazer a análise de risco. Fazemos análise de risco todos os dias ao olhar para a rua para ver se não vem carro, ao trancar a porta de casa ao sair... Basta fazermos isso na fazenda”, explicou Vasconcelos.

Veja mais sobre IATF:

• Produtor de sucesso: estação de monta
Custo benefício da IATF em pequenas propriedades
• Planilha de custos de IATF pdf

Matrizes nelore prontas para a aplicação do protocolo de IATFEm seu discurso, o professor afirmou que o trabalho não é emprenhar a vaca, mas sim trabalhar para aumentar a rentabilidade do sistema da propriedade como um todo. “Está sobrando ou faltando comida na fazenda? Será que está faltando mesmo ou a taxa de lotação é que está acima da suportada pelo seu pasto?”, questionava o professor, que acrescentou que planejar deste modo é viver perigosamente. “Se a chuva atrasar, falta pasto e você pode perder a vaca e o bezerro”.

 

 

 

Genética
“O Brasil tem feito um grande trabalho de melhoramento genético. Nós temos que usar isso colocando nas vacas. A inseminação populariza a genética”, lembrou José Luiz. O veterinário disse que o criador tem que se perguntar todo dia como manter a vaca no rebanho. Quando a vaca pare no início da estação de monta ela tem mais chance de ficar gestante e de não ser descartada, conforme os números apresentados na sua palestra:

Mês que a vaca pariu

Chance de emprenhar na estação de monta

Agosto

86,4%

Dezembro

63,3%


Se a vaca parir no fim da estação de monta, perde-se a chance de ter um bezerro mais pesado na desmama. Quando nasce em setembro ou outubro, o animal fica em média dois anos e meio na propriedade. Já quando nasce em dezembro, esse bezerro vai sair da fazenda depois de três anos ou um pouco mais se o pecuarista resolver esperar o preço do boi subir, por exemplo. “Ele vai degradar a pastagem e você pode até ganhar R$ 2,00 na arroba, mas vai deixar suas fêmeas passando fome. Mais do que o dinheiro que você perde, é a comida das fêmeas que vai faltar, prejudicando a taxa de concepção da próxima estação de monta”, ensinou Zequinha.

Aproveitamento da Estação de Monta
O professor José Luiz apresentou um estudo feito com 1600 vacas, que demonstrou o seguinte caso:
 

Paridas em setembro

Paridas em outubro

Paridas em novembro

Produção de carne em kg

500

200

100

150 500

100

200

500

148 500

Segundo o estudo, com apenas uma pergunta você consegue planejar os próximos três anos na fazenda: “qual porcentagem de vacas paridas eu vou ter em setembro?”.

O que precisa ser feito para a vaca emprenhar no início da estação de monta?
• Tem que estar parida
• Involução do útero
• Tem que estar ciclando
• Tem que estar no período do estro
• Ser inseminada no momento certo

No discurso, Zequinha disse que o touro consegue inseminar no momento certo e identificar o estro, mas não faz a vaca ciclar. Já a IATF permite inseminar até a vaca que está em anestro.

Procedimento da IATF
Para ficar gestante, a vaca precisa desenvolver o folículo. Para que isso ocorra, é necessário LH (hormônio luteinizante). Se não tem comida disponível o suficiente para fornecer LH, outro fator que pode liberar o hormônio é a retirada do bezerro ou aplicação de injeção do hormônio eCG.

“A aplicação é mais cara, por isso eu prefiro a retirada do bezerro, que é a opção mais barata. Basta separar em currais próximos, só não pode encostar o bezerro na vaca. Com o dinheiro que sobrar, por exemplo, você pode fazer um creep-feeding”, exemplificou o veterinário Vasconcelos. “É claro que, se estiver chovendo e o curral está num barreiro só, você opta pelo eCG e não deixa os bezerros desprotegidos”, acrescentou.

Período de inseminação de novilhas e vacas multíparas
Bezerros nascidos de inseminação artifical por tempo fixo“Qual das duas você insemina primeiro?”, indagou Zequinha. Numa situação em que três novilhas pariram em agosto, setembro e outubro, é mais provável que a que pariu em outubro esteja com melhor condição corporal.

Segundo o médico veterinário Murilo Zanutto Velasques deve-se levar em conta também o balanço energético das matrizes a serem inseminadas. Após o período de perda de peso, quando a matriz começa a recuperar o escore, a aplicação do protocolo de IATF passa a ser considerada. O que acontece na maioria das vezes é que tanto a vaca parida em agosto como as vacas paridas em setembro e outubro são inseminadas no mesmo período. A diferença é que a vaca parida em outubro está em boas condições, pois ainda não perdeu peso, apesar de, possivelmente, estar em anestro. 

“Existem tecnologias disponíveis no mercado que nos ajudam a atingir nosso objetivo”, concluiu Zequinha. Sobre qual protocolo aplicar, José Luiz disse que o mais adequado é sempre o mais fácil, que atinja menor custo por vaca gestante. Quanto aos resultados, eles dependerão da condição da vaca, da qualidade do sêmen e do inseminador. “De todos que experimentaram a IATF, não conheço um fazendeiro que parou”, finalizou José Luiz Moraes.

Evolução do uso da IATF no Brasil
• 2002: cerca de 100 mil matrizes aptas à reprodução recebiam a técnica.
• 2011: 5 milhões de matrizes recebem a IATF e 10 milhões recebem IA.

Fonte: José Luiz Alves Neto / Rural Centro



Nosso site possui algumas políticas de privacidade. Tudo para tornar sua experiência a mais agradável possível. Para entender quais são, clique em POLÍTICA DE PRIVACIDADE. Ao clicar em Eu concordo, você aceita as nossas políticas de privacidades.