Pagando pasto com agricultura, propriedade se torna referência em ILPF

22 Aug 2014

Com o objetivo de recuperar as pastagens degradadas de sua propriedade, a propriedade localizada em Figueirão, Norte de Mato Grosso do Sul, que o produtor rural Rubinho Catenacci da Fazenda 3R decidiu implantar e experimentar a integração lavoura, pecuária e floresta. Reconhecido nacionalmente pela produção do bezerro nelore de ciclo curto, animais precoces e de rápido ganho de peso, o criador deu início em 2012 ao projeto, que se fortaleceu no ano passado com o apoio de dois importantes órgãos de fomento do agronegócio local: O Senar/MS, através do programa “Mais Inovação” e da Fundação MS.

Com cerca de 100 hectares plantados, os resultados começam a ser colhidos pela propriedade. De início, foram implantados dois sistemas principais: o primeiro utilizando o milho com a pastagem piatã – já maciçamente utilizada pela fazenda – o eucalipto; e o segundo com o plantio de sorgo, pastagem paiaguás e eucalipto.

“Os ganhos imediatos foram com a produção da silagem que ficou muito acima da média de produção em comparação aos anos anteriores, sem o uso do sistema. Com a integração obtivemos média de produção de 15 a 20 toneladas de silagem por hectare. Tínhamos como objetivo apenas melhorar o pasto para o gado e já conseguimos ter um retorno de um insumo, a silagem, que vai baratear em muito os custos da propriedade em suplementação, pois ela sendo um volumoso de extrema qualidade poderemos assim diminuir o trato com o concentrado que é a ração, isso é excelente”, explica o administrador da fazenda, Rogério Rosalin.

A escolha das culturas utilizadas foi feita através do apoio dos técnicos e pesquisadores, optando pelo melhor custo-benefício para a fazenda, principalmente porque não há outras fazendas que utilizam o sistema na região e que poderiam ser usadas como exemplo. Segundo Alex Melotto, pesquisador da Fundação MS, em todo caso, a decisão é tomada justamente em função do impacto das culturas na propriedade, ou seja, onde e como o produto da integração será usado.

"No caso da 3R, as duas culturas foram ensiladas. O principal impacto é na qualidade do pasto resultante da reforma da área com integração, em seguinda tem-se a produção de alimento (silagem) para ser utilizada ao longo do ano, por fim, nas áreas onde houve implantação de florestas, há o bem-estar animal fornecido pela sombra das árvores”, enfatiza Melotto.

Para o pesquisador alguns fatores ambientais também facilitam a implantação do sistema na região. “A precipitação pluvial em Figueirão é muito grande e estável, com poucos veranicos e inverno bem definido. Estas características permitem o uso de diversas formas de integração aplicadas a grande vocação da região, que é a pecuária”.

Pioneiro no uso de tecnologias para a produção pecuária, a 3R, também se torna modelo para as demais propriedades no Norte do Estado no uso de sistemas integrados para reforma de pastagem. Segundo a coordenadora do “Mais Inovação” em Mato Grosso do Sul, Mariana Urt, o fato da fazenda ter optado por participar do programa foi de fundamental importância também para o fomento do sistema em outras fazendas na região.

“A Fazenda 3R é referência para os produtores da região Norte do Estado, como uma propriedade sustentável, que consegue ter rentabilidade com a pecuária. Ela se tornou muito importante para o programa, pois por receber visitas constantes ela mostra aos produtores que é possível utilizar deste sistema na região, dando assim mais credibilidade ao programa e aumentando assim o interesse dos produtores. Resultado disso é um aumento de 40% de fazendas participantes na região”, ressalta Mariana.

E após os primeiros resultados obtidos na 3R, muito satisfatórios, os orgãos entenderam que o potencial para o uso da integração na região é imenso. Baseado nisso, a Fundação MS, o Senar MS, Sindicato Rural de Figueirão e a Fazenda 3R projetaram uma base de pesquisas da Fundação MS na região, que terá os primeiros trabalhos iniciados em setembro.

“As atividades serão focadas nas culturas agrícolas de soja e milho, e também no consórcio milho com capim e sorgo com capim, para a reforma de pastagens. Além disso, trabalhos sobre fertilidade de solos e pragas e doenças também serão introduzidos. Todas as informações geradas são abertas e serão apresentadas aos produtores em Figueirão em dias de campo e seminários. Os produtores que quiserem acompanhar tecnicamente os trabalhos e também solicitar novas pesquisas poderão compor o quadro de colaboradores da unidade, entrando em contato com o Sindicato Rural da cidade”, enfatiza Alex.

Para o criador Rubinho Catenacci, proprietário da 3R, o uso da integração passa agora a ser de fundamental importância para a fazenda, pois além dos ganhos, a propriedade participa de mais uma possibilidade de desenvolvimento para a região.

“Sempre disse que esta areia do Figueirão é santa, aqui podemos produzir não só o bezerro de qualidade, mas o sorgo de qualidade, o milho de qualidade, basta ter gestão, tecnologias e apoio de quem sabe. O uso deste sistema melhora o pasto, primordial para a nossa atividade principal que é a pecuária, tendo a conta paga pela agricultura, assim nos tornamos mais competitivos e podemos melhorar a produção da propriedade como um todo. E o melhor, esta aí, disponível para qualquer um, basta querer e executar”, finaliza Catenacci.

Para a reforma de 2014/2015 a fazenda pretende dobrar a área utilizada, passando de 100 para 200 hectares destinadas a integração.

Foto: Roberto Mattos

Fonte: Divulgação



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