Centro-Sul prioriza produção de etanol na 2ª quinzena de agosto

09 Sep 2014

O volume de cana-de-açúcar processado pelas unidades produtoras da região Centro-Sul atingiu 47,41 milhões de toneladas na segunda metade de agosto. Esse resultado, embora seja o maior registrado na atual safra até então, é 2,86% inferior ao valor observado no mesmo período de 2013 (48,81 milhões de toneladas).

No total mensal, a moagem somou 92,27 milhões de toneladas em agosto de 2014, contra 95,28 milhões de toneladas registradas no mesmo mês do último ano – queda de 3,16%.

No acumulado desde o início da safra 2014/2015 até 1º de setembro, o volume processado alcançou 372,72 milhões de toneladas, ligeiro aumento de 1,99% sobre as 365,44 milhões de toneladas apuradas no mesmo período de 2013.

Segundo o diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Antonio de Padua Rodrigues, “o avanço da moagem em agosto já era esperado, pois normalmente esse é o período de maior processamento de cana na região Centro-Sul”. O fato que chamou a atenção em relação aos meses anteriores é a alteração do mix de produção das usinas, o qual começou a ser revertido em prol da fabricação de etanol, acrescentou.

De fato, os valores apurados mostram um recuo significativo da proporção de matéria-prima direcionada à produção de açúcar. Nos últimos 15 dias de agosto, esta proporção totalizou 45,31%, ante 45,72% contabilizados na quinzena anterior e 48,70% verificados no mesmo período da safra 2013/2014 (queda superior a três pontos percentuais).

Com isso, apesar do crescimento da moagem na segunda metade de agosto, a produção de açúcar neste período ficou aquém daquela observada em idêntica quinzena de 2013: 3,02 milhões de toneladas, contra 3,23 milhões de toneladas apuradas naquele ano – redução de 6,36%.

No acumulado desde o início da safra 2014/2015 até 1º de setembro, a quantidade produzida de açúcar somou 20,93 milhões de toneladas, frente a 20,06 milhões de toneladas computadas em igual período de 2013. Esse incremento decorre do maior volume de cana-de-açúcar processada até o momento.

Segundo o executivo da UNICA, “se considerado o rendimento da produção de açúcar por tonelada de cana registrada até a segunda quinzena de agosto de 2014 e a respectiva moagem acumulada neste mesmo período em 2013, verifica-se que a fabricação de açúcar na safra atual superaria em apenas 400 mil toneladas aquela observada no ano passado”.

“Ao final desta safra teremos um mix mais alcooleiro, pois a disponibilidade de cana nos principais Estados produtores de açúcar é inferior àquela verificada em Estados com número elevado de destilarias autônomas”, explicou Rodrigues.

Com efeito, em São Paulo (que tradicionalmente apresenta um mix fortemente açucareiro) cerca de 70% da quantidade de cana-de-açúcar disponível já foi processada, enquanto que em outros Estados do Centro-Sul (com um mix mais alcooleiro) este percentual encontra-se abaixo de 60%. Portanto, essa tendência remete à antecipação da moagem em importantes regiões produtoras de açúcar.

Ainda em relação a São Paulo, estatísticas preliminares do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) mostram que a quebra agrícola acumulada dos canaviais paulistas colhidos até agosto atinge cerca de 16% - percentual já esperado e em consonância com aquele utilizado pela UNICA na sua revisão da estimativa para a safra 2014/2015.

Como reflexo deste recuo do mix para açúcar, a produção de etanol alcançou 2,25 bilhões de litros na segunda quinzena de agosto, alta de 7,54% sobre o volume observado na mesma data do ano anterior. Deste total, 1,28 bilhão de litros refere-se ao etanol hidratado (alta de 13,87% relativamente ao montante produzido no mesmo período em 2013) e 966,84 milhões de litros ao etanol anidro (crescimento de 0,17%).

No acumulado desde o início da safra 2014/2015 até 1º de setembro, a produção de etanol somou 16,15 bilhões de litros, sendo 6,99 bilhões de litros de etanol anidro e 9,16 bilhões de litros de etanol hidratado.

Conforme já antecipado, três unidades produtoras já encerraram a safra 2014/2015.

Qualidade da matéria-prima
A quantidade de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) por tonelada de cana-de-açúcar processada atingiu 147,72 kg na segunda quinzena de agosto, frente a 142,59 kg por tonelada observado na mesma data da safra anterior.

No acumulado desde o início da safra 2014/2015 até 1º de setembro, o teor de ATR por tonelada de matéria-prima totalizou 132,86 kg por tonelada, contra 129,54 kg por tonelada registrada em igual período de 2013.

De acordo com Rodrigues, “o avanço da moagem e a maior concentração de ATR dificultou uma mudança mais significativa do mix de produção em agosto”. Em algumas unidades produtoras, o ATR apurado nesse período superou 155 kg por tonelada, reduzindo a possibilidade de alteração do mix na medida em que as fábricas de açúcar e destilarias estavam operando próximo da capacidade máxima, esclareceu o diretor.

Vendas de etanol
As vendas de etanol pelas unidades produtoras da região Centro-Sul em agosto somaram 2,07 bilhões de litros, retração de quase 20% sobre o mesmo mês do ano anterior. Esta retração decorre, sobretudo, da queda de mais de 65% das exportações, as quais totalizaram apenas 117,09 milhões de litros no mês. O volume direcionado ao mercado interno, por sua vez, atingiu 1,95 bilhão de litros, praticamente o mesmo valor apurado em julho (1,94 bilhão de litros).

Especificamente em relação ao volume comercializado de etanol hidratado no mercado doméstico, este somou 1,11 bilhão de litros em agosto - frente a 1,27 bilhão de litros registrados na mesma data do último ano e ante 1,09 bilhão de litros computados em julho de 2014. Deste montante, 524,71 milhões de litros foram comercializados na segunda metade do mês.

As vendas internas de etanol anidro totalizaram 844,59 milhões de litros em agosto, contra 931,40 milhões de litros apurados na mesma data de 2013. Deste volume, 429 milhões de litros foram comercializados nos últimos 15 dias do mês.

No acumulado de abril até agosto, as vendas de etanol alcançaram 10,01 bilhões de litros, retração de 9,30% sobre 2013. Deste montante, 9,34 bilhões de litros direcionaram-se ao abastecimento do mercado interno (pequena queda de 1,27%) e apenas 666,77 milhões de litros à exportação.

+ Leia análises sobre o mercado sucroenergético na coluna Commodity Intelligence

Fonte: Unica



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