Mão de obra como divisor de águas da pecuária eficiente

17 Sep 2014

Na abertura da etapa de Ji-Paraná do Circuito Expocorte 2014, nesta quarta, 17, o consultor Osler Desouzart, que iniciou a grade de palestras, foi taxativo para com os quinhentos produtores presentes no Parque de Exposições Hermínio Victorelli. “Em 20 anos, 20% dos senhores vão continuar na pecuária de corte. Essa é a notícia ruim. Vai sobreviver quem fizer mais, melhor e com menos recursos”, apontou Desouzart, que ministrou a apresentação “Cenário da Pecuária de Corte: 2014 é um divisor de águas?”.

A valorização crescente da carne bovina fará com que a produção aumente na próxima década a uma taxa de 1,5% ao ano, com o Brasil liderando a expansão. Ainda que com preços e procura em alta, será necessário pautar cada vez mais a cadeia produtiva por eficiência. Como 15 países respondem por 85% do consumo, torna-se mais oneroso para a indústria obter boas margens com exportação, indicando um movimento natural de concentração do mercado em poucas empresas.

Já entrando no mérito de mudanças dentro da porteira que ajudam a otimizar o sistema produtivo, o agrônomo Antônio Chaker apresentou o tema “Mão de obra ou recursos humanos?” na segunda palestra da manhã. Mesmo com a valorização histórica da arroba do boi gordo, atestada na palestra anterior de Desouzart, a média de rentabilidade da atividade pecuária de corte de 2012/13 foi negativa, em amostragem realizada com os clientes da consultoria Terra Desenvolvimento. De 2005 a 2011, 25% das propriedades apresentaram resultados negativos. Em 2012/13, essa porcentagem cresceu para 57%. Outros 30% tinham renda de apenas R$ 117 por hectare.

“O diferencial de quem tem um resultado melhor que esse é equilíbrio de produção, gestão de custos, de comercialização e ter uma equipe que atua como time, fazendo projetos acontecerem”, explicou Chaker. Para engajar os funcionários em um projeto maior do que resultados pontuais das propriedades, o agrônomo recomendou estabelecer regras claras sobre os seguintes itens:

- Distribuição de carne, leite e hortifrútis entre funcionários;
- Uso de veículo da propriedade para fins particulares e cuidado com a frota da fazenda;
- Uso de ração dos bovinos para aves e suínos;
- Cuidado com os bens da fazenda;
- Organização do barracão, curral e demais instalações;
- Relacionamento interpessoal entre funcionários; e
- Dívidas entre funcionários.

Chaker listou ainda problemas comuns em propriedades rurais, mas que devem ser enfrentados para fazer a equipe funcionar como um time, com funções e responsabilidades complementares:

- Amenizar dificuldades com funcionários que têm pouca capacidade de reciclagem – novas ideias dependem de primo conhecimento;
- Identificar insubordinações ocultas e excessos de justificativas;
- Evitar conflitos entre equipes (pecuária x lavoura x serviços gerais);
- Cuidado com os famosos “língua preta” e aduladores;
- Evitar falhas de comunicação ("aham" quer dizer não e pensar que algo é “óbvio” está errado – tudo deve ser explicado nos mínimos detalhes).

A partir dessa afinação, o proprietário passa a ser  o mero gestor do novo time, fiscalizando e distribuindo responsabilidades. Como forma de recompensa financeira, Antônio Chaker informa que premiações ligadas à lucratividade são melhor endereçadas a funcionários em cargos gerenciais, enquanto demais funcionários podem ter premiação definida por metas técnicas, como menor índice de mortalidade de bezerros e maior número de arrobas produzidas por hectare.

A etapa de Ji-Paraná do Circuito Expocorte 2014 segue nesta tarde de quarta-feira com outras quatro apresentações, além da programação desta quinta, 18. Veja abaixo a grade completa e como participar do evento:

+ Expocorte Ji-Paraná 2014

Foto: Attuale Comunicação / Divulgação

Fonte: José Luiz Alves Neto / Rural Centro



Nosso site possui algumas políticas de privacidade. Tudo para tornar sua experiência a mais agradável possível. Para entender quais são, clique em POLÍTICA DE PRIVACIDADE. Ao clicar em Eu concordo, você aceita as nossas políticas de privacidades.