Componente florestal nos sistemas de ILPF

16 Oct 2014

(*) por André Dominghetti Ferreira

Os sistemas agroflorestais (SAF’s) são sistemas racionais de uso e manejo dos recursos naturais que integram consorciações de árvores, culturas agrícolas e/ou animais de forma científica, ecologicamente desejável, operacionalmente viável e socialmente aceitável pelo produtor rural. Desta forma, são obtidos benefícios com as interações ecológicas e econômicas resultantes da consorciação de espécies. Os arranjos entre as espécies podem ser instalados e manejados de maneira simultânea ou sequencial no tempo e no espaço e apresentar caráter temporário ou permanente.

Os sistemas integrados de produção exigem um planejamento mais elaborado e um monitoramento mais frequente e detalhado quando comparados aos sistemas de produção independentes (monocultura, pecuária solteira, povoamentos florestais), uma vez que existe a necessidade de manter o equilíbrio entre os componentes, além de usualmente demandarem investimentos iniciais mais elevados do que os sistemas de monocultivo.

Um dos principais pontos a serem considerados durante o planejamento de um sistema de integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF) é a finalidade de utilização da madeira a ser produzida e o manejo das árvores. A qualidade da madeira é influenciada por vários fatores, sendo os principais: espécie arbórea, espaçamento, desrama, desbaste e outras técnicas de manejo silvicultural. 

Dentre as características desejáveis das árvores a serem cultivadas em sistemas de iLPF, podemos citar fuste alto, copa pouco densa, crescimento rápido, capacidade de fornecer nitrogênio e nutrientes à pastagem, adaptação ao ambiente e tolerância à seca, ausência de efeitos tóxicos sobre os animais, capacidade de fornecer sombra e abrigo bem como controle da erosão.

O eucalipto tem se destacado como componente arbóreo nos SAF’s por apresentar (i) grande número de espécies, as quais possibilitam a seleção de árvores com características específicas para se atingir objetivos de produção e/ou conservação ambiental, (ii) plasticidade ecológica às diferentes condições ambientais do território brasileiro, com elevado potencial de adaptação, estabelecimento, crescimento e produção, (iii) potencial para múltiplos usos, o que inclui produtos madeiráveis e não madeiráveis, (iv) rápido crescimento e considerável produtividade de madeira, (vi) silvicultura em elevado estágio tecnológico em algumas regiões brasileiras e (vii) potencial para capitalizar os sistemas agroflorestais, pois funciona como “poupança-verde”.

Apesar da vasta possibilidade de utilização da madeira de eucalipto, nos sistemas de integração Lavoura-Pecuária-Floresta, o agricultor deve, sempre que possível, dar ênfase às formas de uso mais nobres, como postes, madeira serrada e laminados para a produção de móveis, obtendo assim maior lucratividade no sistema. Todavia, é importante lembrar que quanto mais nobre for o emprego da madeira, mais longo será o período para corte e maior será a complexidade do manejo silvicultural a ser adotado.

(*) André Dominghetti Ferreira é engenheiro agrônomo, Doutor em Fitotecnia. Pesquisador na área de sistemas integrados de produção da Embrapa Gado de Corte.

Fonte: Embrapa Gado de Corte



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