Inflação sem crescimento preocupa setor rural

22 Oct 2014

A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc) aproveitou uma das maiores exposições-feiras agropecuárias catarinenses para promover o Seminário Estadual de Líderes Rurais e a assembleia geral ordinária da entidade, no Parque Conta Dinheiro, no município de Lages,  reunindo mais de uma  centena de presidentes de Sindicatos Rurais, no último fim de semana.

Na abertura da Expolages, o presidente da Associação e Sindicato Rural de Lages Márcio Pamplona homenageou o presidente da Faesc, José Zeferino Pedrozo, pelos esforços na valorização, na profissionalização e na defesa do produtor catarinense. Pedrozo recebeu um magnífico troféu, simbolizando a gratidão e o reconhecimento das classes produtoras rurais da serra catarinense. A Associação Rural completou 75 anos de fundação em 2014 e, desde 1949, promove a Expolages.  “Há 65 anos realizamos ininterruptamente essa expo-feira”, assinalou Pamplona.

O presidente da Faesc destacou que a pecuária de corte vive um bom momento. O rebanho catarinense é superior a 4 milhões de cabeças de bovinos e, ao contrário da avicultura e da suinocultura, a produção interna de carne é insuficiente: o Estado importa 40% da carne bovina que consome. Pedrozo defendeu um programa de estímulo a  produção para a conquista da autossuficiência. Mostrou que, na região serrana, estímulos da Epagri, Fapesc e Faesc junto com o Sindicato Rural permitiram – no período de 2009 a 2013 – aumentar o rebanho em 7% com mais 22 mil animais. Nesse período, o número de animais vendidos para abate e recria subiu de 63 mil para 194 mil cabeças, com aumento de 108%, enquanto os nascimentos cresceram mais de 200% em um período de apenas quatro anos.

O Seminário Estadual de Líderes Rurais foi desenvolvido no pavilhão Tito Bianchini no Parque Conta Dinheiro. À palestra “El niño 2014 – já temos sinais?” foi ministrada pelo meteorologista Leandro Puchalski, formado pela Universidade Federal de Pelotas, com mestrado em Agrometeorologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

O futuro da pecuária de corte no sul do País foi o tema da palestra do agrônomo José Fernando Piva Lobato, formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com mestrado em Forrageiras/Zootecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e doutorado em Produção Animal pela University of Melbourne. Tem experiência na área de forrageiras e zootecnia com ênfase em produção e manejo de gado de corte, ecologia dos animais domésticos e etologia, atuando principalmente nos seguintes temas: produtividade a pasto, ganho de peso, desempenho reprodutivo, carga animal e vacas primíparas, recria de novilhas e novilhos.

Lobato disse que o criador deve se impor metas de produtividade e exibiu indicadores de eficiência da pecuária no sul do Brasil – onde há muito a melhorar. Discorreu sobre as características das terras e a pecuária. As terras altas se prestam a criação de bovinos e ovinos; as acidentadas para silagem; e as planas para cria e engorda. Orientou sobre a importância de maximizar a produção por vaca para geração de renda e lucros. Destacou a necessidade de controle da carga animal, seleção “verdadeira” e controle de prenhez, parição, desmame e inseminação artificial a tempo fixo. Para Lobato, o futuro da pecuária é a vaca média. Ele também abordou todos os elementos e insumos para a pecuária – solo, genética, nutrição, manejo etc.

“Tendências e perspectivas do agronegócio brasileiro e mercado futuro” foi o tema da abordagem do diretor geral da BM&F Bovespa e Bolsa Brasileira de Mercadorias, Ivan Wedekin, cargos que ocupa desde 2006. Também é membro do Conselho Superior do Agronegócio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP).

Destacou que o baixo crescimento da economia brasileira, a diminuição do consumo interno, o endividamento dos consumidores e, principalmente, a inflação alta sem crescimento são fatores que criam um quadro de preocupação para os  produtores e empresários. Acrescentou que, a esse cenário, agrega-se o “custo Brasil”, a elevada carga tributária e o excesso de regulação. “Tudo isso gera perda de competitividade”, alertou.

Ressaltou a importância do agronegócio, detalhando que nos últimos 12 meses o setor gerou 80 bilhões de reais em exportações, enquanto os demais setores em seu conjunto gastaram 77,3 bilhões em importações. Somente graças ao agronegócio, a balança comercial ficou positiva. Wedekin prevê que, em 2015, o cenário será positivo para a agropecuária brasileira. Não haverá escassez de grãos no mercado mundial e as carnes em geral  estarão mais caras.

A etapa final da programação consistiu na assembleia geral para análise e aprovação orçamentária do exercício 2015.

Fonte: Faesc



Nosso site possui algumas políticas de privacidade. Tudo para tornar sua experiência a mais agradável possível. Para entender quais são, clique em POLÍTICA DE PRIVACIDADE. Ao clicar em Eu concordo, você aceita as nossas políticas de privacidades.