Redução das chuvas poderá influenciar safra de café em 2015

29 Jan 2015

(*) por Williams Ferreira e Marcelo Ribeiro

Nas últimas semanas houve o domínio de uma massa seca, principalmente na região Nordeste do Brasil, alcançando Goiás e os estados de Minas Gerais e Espírito Santo, sendo estes dois últimos os responsáveis pela maior produção de café do país. Associado ao período seco, temperaturas acima do normal ocorrerem em quase todo o Brasil, agravando o impacto da seca sobre as culturas de verão.

Em dezembro de 2014, as anomalias de temperatura da superfície na região equatorial dos oceanos foram consistentes com a ocorrência de um fraco evento El Niño. Todavia, apesar das condições atuais, os modelos de previsão apontam a continuidade desse fenômeno, com fraca intensidade, durante a temporada de janeiro a março, com o fim previsto para o início do outono, seguindo-se ao final desse El Niño condições de neutralidade, ou seja, chuvas esperadas dentro da média do período.

Chuvas em fevereiro

Poderá ocorrer maior redução das chuvas em relação aos valores normais esperados para fevereiro em todo o estado do Amapá, na região marajoara, no nordeste e sudoeste do Pará, no leste maranhense, na região centro norte piauiense e na região norte de Goiás. A redução das chuvas, porém em menor intensidade, poderá ocorrer em todos os estados do Nordeste brasileiro, bem como na porção mais ao sul do estado do Tocantins e todo o estado de Goiás. Em Minas Gerais poderá ocorrer redução no volume das chuvas nas regiões noroeste do Estado e na região central do Triângulo Mineiro. Em São Paulo poderá ocorrer redução no volume de chuvas na região de Ribeirão Preto.

Em Minas Gerais a possibilidade de que as chuvas fiquem dentro ou acima do normal para o período existe para a região metropolitana de Belo Horizonte e para uma pequena porção no extremo norte da Zona da Mata. Também a região litorânea, que vai desde o Vale do Paraíba paulista e passa por todo o litoral do Paraná, Santa Catarina e chega até a região metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, poderá apresentar volume de chuvas pouco acima do volume normal esperado para o período.

Chuvas em março

Nesse mês a maior redução no volume das chuvas poderá ocorrer no sudeste piauiense, na região do Marajó e do nordeste do Pará, bem como no sul do Amapá. A redução das chuvas, porém em menor intensidade, seguirá por todos os estados do Nordeste brasileiro bem como no Tocantins, no sudeste do Pará, no nordeste mato-grossense e pelo noroeste, norte e leste goiano.

Em Minas Gerais as únicas regiões que, possivelmente, não deverão apresentar redução no volume de chuvas são o Triângulo Mineiro, o Sul/Sudoeste de Minas, sendo que nessas últimas o volume de chuva pode chegar a ser pouco superior à média mensal esperada para o período; fato que também pode vir a ocorrer na região do Vale do Paraíba paulista e na região metropolitana de São Paulo.

A redução no volume de chuvas poderá ocorrer também durante o mês de março em Santa Catarina, no oeste paranaense, sudoeste do Mato Grosso do Sul e no Pantanal sul mato-grossense. É possível que também ocorra redução das chuvas nas regiões noroeste, centro oriental e ocidental rio-grandense.

Temperatura em fevereiro

Neste mês a temperatura deverá permanecer acima da média no estado de Minas Gerais, com exceção da região do Triangulo Mineiro/Alto Paranaíba e do Sul/Sudoeste de Minas, e em todo os estados do Nordeste brasileiro e nas regiões norte e leste de Goiás. A porção centro oriental e noroeste rio-grandense, bem como o oeste do Paraná, poderão apresentar temperaturas abaixo da média do período.

O café

A combinação ocorrida nas últimas semanas de temperaturas elevadas associadas ao ar com baixa umidade (popularmente chamado de clima seco) tem aumentado o número de escaldadura das folhas, principalmente daquelas localizadas na planta que ficam voltadas para o poente, reduzindo assim a área foliar e, consequentemente, comprometendo a fotossíntese realizada pela planta. Tais fatos têm reduzido, de maneira geral, o desenvolvimento das plantas, podendo comprometer assim a safra atual, a qual já vem sendo prejudicada com a falta de chuva desde o início do ano passado, período onde comumente ocorre o crescimento vegetativo das plantas.

Devido a ocorrência de chuvas abaixo da média em algumas regiões cafeeiras no ano passado, alguns produtores foram induzidos a fazer a poda das plantas que se apresentavam depauperadas à época e, levando em conta que a safra atual é considerada como “de baixa produção”, é esperado ocorrer redução na produção da atual safra, quando comparada a anterior.

A continuidade do calor e a ocorrência de chuva sendo esperada abaixo da média para os próximos meses poderão comprometer ainda mais a formação de novas lavouras e os tratos culturais. Assim, em se confirmando o atual prognóstico climático, todo o desenvolvimento da lavoura de café poderá ser comprometido, tendo por consequência a redução no tamanho da safra produzida e na qualidade dos grãos e, consequentemente, também na qualidade da bebida do café.

A análise e o prognóstico climático aqui apresentados foi elaborada com base na estatística e no histórico da ocorrência de fenômenos climáticos globais, principalmente daqueles atuantes na América do Sul. Foram consideradas ainda as informações disponibilizadas livremente pelo NOAA; Instituto Internacional de Pesquisas sobre Clima e Sociedade —IRI; Met Office Hadley Centre; Centro Europeu de Previsão de Tempo de Médio Prazo — ECMWF; Boletim Climático da Amazônia elaborado pela Divisão de Meteorologia (DIVMET) do Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM) e com base nos dados climáticos disponibilizados pelo INMET/CPTEC-INPE.

Pelo fato do prognóstico climático fazer referência a fenômenos da natureza que apresentam características caóticas e são passíveis de mudanças drásticas, a EPAMIG e a Embrapa Café não se responsabilizam por qualquer dano e ou prejuízo que o usuário possa sofrer, ou vir a causar a terceiros, pelo uso indevido das informações contidas na presente matéria. Sendo de total responsabilidade do usuário o uso das informações aqui disponibilizadas.

(*) Williams Ferreira é pesquisador da Embrapa/EPAMIG na área de Agrometeorologia e Climatologia (williams.ferreira@embrapa.br, williams.ferreira@epamig.br). Marcelo Ribeiro é pesquisador da EPAMIG na área de Fitotecnia, atua em pesquisas com a cultura do café (mribeiro@epamig.br).

Fonte: Epamig



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