Chuvas de outono deverão ajudar a cafeicultura e o milho safrinha

24 Mar 2015

(*) por Williams Ferreira¹ e Marcelo Ribeiro²

Hoje, 20, às 19h45, terá início o outono, estação de transição entre o verão e o inverno. Apesar da esperada redução do calor, que é típico desta estação, as temperaturas deverão ocorrer para todo o país pouco acima da média normal do período. Nesta estação, o ar frio das massas de ar polares deverão adentrar um pouco mais o continente, encontrando a massa de ar mais aquecida proveniente do Norte do país. Esse encontro de massas de ar (muito comum de ocorrerem sobre Minas Gerais) com características muito diferentes, favorece a ocorrência de chuvas torrenciais com muito vento e descargas elétricas (raios).

El Niño
Devido às temperaturas do oceano Pacífico equatorial no último mês, o fenômeno El Niño pode oficialmente ser considerado presente com chances de permanecer durante todo o outono, porém como sua intensidade é considerado fraca, é pouco provável haver grandes anomalias climáticas principalmente na região Sudeste do Brasil.

Verão seco e quente
Em fevereiro, a maioria das regiões produtoras do país apresentaram temperaturas pouco acima da média normal. Isso favoreceu a maior ocorrência de chuvas localizadas, fazendo com que em algumas regiões fossem consideradas abaixo do normal. Todavia, essas chuvas ajudaram a cafeicultura e os canaviais.

Na região mais ao Sul de Minas e em grande parte de São Paulo as chuvas foram mais intensas, contribuindo para a recuperação do nível das reservas de água dos solos e favorecendo principalmente a cana e o café que tinham enfrentado um mês de janeiro mais seco e mais quente que o normal.

No Rio Grande do Sul, a chuva foi suficiente para não dificultar a colheita do milho de verão, apesar da precipitação ter sido pouco abaixo do desejado. A chuva no Sul também favoreceu o enchimento de grão da soja plantada mais cedo no verão. O plantio do milho safrinha, que tem sido mais tardio, também foi favorecido pela chuva menos intensa, a qual também ocorreu no Mato Grosso.

Apesar das chuvas terem ocorrido em algumas lavouras de café em fevereiro, algumas plantas têm apresentado maior queda do chumbinho, principalmente na face soalheira mais quente (face noroeste com maior ocorrência também de escaldadura), a qual recebe maior radiação direta no período da tarde e, por isso, é normalmente mais aquecida e apresenta maiores problemas associadas a reservas de água. Todavia, tal fato tem ocorrido principalmente nas plantas que apresentaram maiores cargas e diferentes floradas no ano passado. A maior produção no ano passado deixou a planta com menor reserva para a safra atual. Assim, o pouco que a planta tem hoje é drenada pelos frutos mais desenvolvidos, fazendo com que os chumbinhos menores sejam abortados.

Outono
A possibilidade de passagem de frentes frias neste final de semana pode trazer chuvas para o Sul de Minas Gerais. Apesar do início de ano desfavorável à cafeicultura, há 40% de probabilidade de as chuvas ocorrerem acima da média ao longo do próximo trimestre (abril, maio, junho) sendo porém maior essa probabilidade para os meses de abril e junho. Todavia, deve-se lembrar que de maneira natural as chuvas no outono são naturalmente reduzidas quando comparadas ao verão que chegou ao fim.

A análise e o prognóstico climático aqui apresentados foram elaborados com base na estatística e no histórico da ocorrência de fenômenos climáticos globais, principalmente daqueles atuantes na América do Sul. Foram consideradas ainda as informações disponibilizadas livremente pelo NOAA; Instituto Internacional de Pesquisas sobre Clima e Sociedade —IRI; Met Office Hadley Centre; Centro Europeu de Previsão de Tempo de Médio Prazo — ECMWF; Boletim Climático da Amazônia elaborado pela Divisão de Meteorologia (DIVMET) do Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM), bem como nos dados climáticos disponibilizados pelo INMET/INPE.

Pelo fato do prognóstico climático fazer referência a fenômenos da natureza que apresentam características caóticas e são passíveis de mudanças, a EPAMIG e a Embrapa não se responsabilizam por qualquer dano e, ou, prejuízo que o usuário possa sofrer, ou vir a causar a terceiros, pelo uso indevido das informações contidas na presente matéria. Sendo de total responsabilidade do usuário o uso das informações aqui disponibilizadas.

1Pesquisador da Embrapa/EPAMIG na área de Agrometeorologia e Climatologia. williams.ferreira@embrapa.br ou williams.ferreira@epamig.br.
2Pesquisador da EPAMIG na área de Fitotecnia, atua em pesquisas com a cultura do café. mribeiro@epamig.br.

Fonte: Epamig



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