Redução da dependência de petroquímicos demanda tecnologias inovadoras

26 Mar 2015

Biorrefinaria, biomassa, bioeconomia, química verde, química renovável, foram alguns dos conceitos, relacionados à inovação, que foram apresentados durante a reunião técnica, intitulada "Novas tecnologias para biorrefinarias", realizada em Dourados, no IST Alimentos (Instituto Senai de Tecnologia - Alimentos). O evento contou com a presença de técnicos do Senai, Embrapa e Biosul, além de professores e estudantes, interessados em inovações que possam contribuir com alternativas energéticas e agregação de valor aos processos produtivos de agroenergia.

As usinas produtoras de açúcar, etanol e bioeletricidade a partir da cana-de-açúcar, fábricas de óleo, rações, biodiesel e indústrias de celulose e papel são exemplos de biorrefinarias que funcionam atualmente. Assim, a biorrefinaria consiste numa instalação industrial, que integra processos de conversão de biomassa em biocombustíveis, insumos químicos, materiais, alimentos, rações, produtos químicos de alto valor e energia.

"O objetivo de uma biorrefinaria é promover o aproveitamento de todo o potencial econômico da biomassa. As biorrefinarias integram diversas rotas de conversão – bioquímicas (fermentação e catálise enzimática), químicas (catálise homogênea e heterogênea), e termoquímicas (gaseificação, pirólise rápida, etc.) – em busca dos melhores usos da biomassa e da energia nela contida", explicou o pesquisador da Embrapa Agroenergia (Brasília, DF), Sílvio Vaz Junior.

Essas rotas de conversão estão relacionadas ao uso inovador da biomassa. "A química renovável, então, é o conceito dado ao uso da matéria-prima renovável pela química, como a biomassa, em substituição à matéria-prima não-renovável, como o petróleo", explica Silvio. Ele explica ainda que o uso de matéria-prima renovável é um dos doze princípios da chamada química verde. Silvio salienta ainda que é objetivo da química renovável utilizar tecnologias economicamente viáveis, para a transformação dessas matérias-primas renováveis em novas fontes de energia ou de insumos para novos processos produtivos.

Esse olhar de conceitos inovadores remete para uma reflexão sobre a bioeconomia, que, segundo Silvio explica, consiste na transição industrial global para a sustentabilidade, por meio do uso dos recursos aquáticos e terrestres renováveis em energia, intermediários e produtos finais, para o alcance de benefícios econômicos, ambientais e sociais.

Silvio é um estudioso do aproveitamento integral da biomassa, em favor da bioeconomia, que possibilite agregação de valor por meio das biorrefinarias e de produtos oriundos da química renovável. Para ele, o uso das tecnologias em favor desse aproveitamento pode promover impactos positivos na economia, sociedade e meio ambiente; reduzir a dependência de petroquímicos e contribuir com a redução do déficit da indústria química nacional.

Em sua apresentação, Silvio exemplificou o potencial bioeconômico da cadeia agroindustrial da cana-de-açúcar como fornecedora de material para a química. "O açúcar (possui frutose e glicose) serve para a produção de etanol; o bagaço (possui lignina, celulose, hemicelulose, sais orgânicos e água) pode ser utilizado na alimentação animal, bioeletricidade (cogeração), obtenção de açúcares de segunda geração (hexose e pentose), etanol de segunda geração, materiais alternativos diversos; a palha (possui lignina, celulose, hemicelulose, sais orgânicos e água) pode produzir bioeletricidade (cogeração), etanol de segunda geração, compostos químicos renováveis e substitutos de petroquímicos; a vinhaça  é um efluente aquoso (rico em matéria orgânica solubilizada, sólidos inorgânicos insolúveis, sais inorgânicos solúveis e água), pode ser usada para produção de biogás e fertilizantes; CO2 e álcoois superiores, dão origem a produtos verdes", explicou. Ele apresentou também os componentes da cadeia da soja e da cadeia das florestas.

O Chefe-geral da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS), Guilherme Asmus, destacou a importância da agroenergia: "que é uma demanda atual do mundo moderno", afirmou. Asmus disse que a Embrapa está buscando respostas para o esse assunto, por meio de duas frentes, que pesquisam tanto a matéria-prima quanto os processos agroindustriais. "Existe um mundo de possibilidades, diversas alternativas que podem ser adotadas. A tendência é que as discussões e as pesquisas em torno da biomassa sejam fortalecidas", afirmou.

O evento, que aconteceu na manhã do dia 19 de março, foi uma realização da Biosul e Fiems/Senai, que contou com apoio da Embrapa Agropecuária Oeste.

Fonte: Embrapa Agroenergia



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