Está certo tomate e cebola contarem no peso da inflação brasileira?

01 Jul 2015

(*) por José Luiz Tejon Megido

Vamos imaginar que o feijão conte, o arroz, a carne, o leite, o trigo e seus derivados como o pãozinho francês também. São agrossistemas grandes, horizontais e verticais, e com escalabilidade e dispersão geográfica que permitem diminuir os fatores incontroláveis das culturas. Em outras palavras, mesmo não tendo, poderíamos ter planejamentos dessas cadeias produtivas que aumentariam a segurança das ofertas desses produtos.

Mas olhem só se não temos uma planificação e um zoneamento agropecuário, com metas de produção, custos, seguro, armazenamento, logística, distribuição e negociações para as grandes lavouras, e inclua-se nisso o café, os grãos, o algodão, e até a cana de açúcar e etanol; imagine as centenas de itens do setor hortifrutigranjeiro, que vivem hoje totalmente dependentes de heróicos e bravos produtores, e dos sistemas desassistidos de planificação, tendo vozes isoladas, que há décadas pedem modelos como os norte-americanos para esse capilarizado ramo, as Comissions, produto a produto, como salienta a Dra. Anita Gutierrez do Ceagesp.

Então, vira e mexe lá estão a cebola e o tomate, o chuchu e o pimentão na roda viva de vilões da inflação. O ICVM (Índice do Custo de Vida da Classe Média) monitorado pela Ordem dos Economistas do Brasil tem variações muito parecidas com o IGP-DI da FGV. São 468 itens pesquisados. E dentre esses, 313 tiveram alta generalizada. No mês passado a alimentação contou 32,3% no ICMV. Subiu ainda mais. A cebola cresceu 41,6% e o tomate 13,08%. Como curiosidade, até as despesas com jogos lotéricos em maio cresceram 20,62%. Ou seja, nada contra quem pesquisa, ou relata e revela, mas se tem seca, praga e doença, na cebola e no tomate, e isso conta na inflação e gera uma alavanca que inflaciona todos os demais preços, ou passamos a ter um planejamento detalhado produto a produto na contabilidade inflacionária, ou se revê o que pesquisar. Como Einstein disse: tem números que são contados e não contam. Tem números que não são contados e que contam. E números que são contados e que contam.

(*) José Luiz Tejon Megido é Conselheiro Fiscal do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS), Dirige o Núcleo de Agronegócio da ESPM.

Fonte: CCAS



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