Mulheres no Campo - Clarice Balardin do Instituto Phytus

09 Mar 2012

A personagem escolhida para a Série Mulheres no Campo deste domingo é a Clarice Balardin,  diretora geral do Instituto Phytus* e engenheira agrônoma.

Para Balardin, a diferença da mulher no agronegócio é o comprometimento e a postura, atos que garantem a conquista do espaço e o sucesso profissional.

Conheça e inspire-se na vida desta profissional talentosa que iniciou sua carreira em uma cooperativa de produtores, onde prestava assistência técnica e realizava a transferência de tecnologias para os agricultores.

Clarice, Ricardo, Phytus, Arquivo PessoalRural Centro - Para começar, conte-nos um pouco da sua biografia pessoal e seu interesse pelo agronegócio. Fale um pouco da sua família, da sua carreira.

Clarice Balardin - Sou filha de produtor, nasci e cresci no campo, o interesse nasceu de ver meus pais trabalharem no campo e dele tirarem seu sustento.

Com o incentivo dos meus pais fomos para a cidade estudar o ensino médio e, posteriormente, a faculdade.  Eu e meu irmão mais velho somos agrônomos.

O início da carreira teve as dificuldades inerentes à desconfiança do agricultor com a mulher na frente de um trabalho com predominância masculina.

Eu me formei em 1983  e durante 10 anos exerci minha profissão no mercado de trabalho. Tive que parar cerca de quatro anos, período em que meu marido fez doutorado dele fora do Brasil, quando ele retornou, precisei voltar a trabalhar.

Fui fazer mestrado na UFSM (Universidade Federal de Santa Maria) em fitopatologia para ajudar Ricardo (meu esposo) nas pesquisas e, a partir daí, fundamos uma empresa de pesquisa que deu origem a Phytus.

Iniciei trabalhando meio turno, pois tinha dois filhos pequenos (hoje com 18 e 15 anos), tempos depois passei a trabalhar em tempo integral, pois o Ricardo ministra aulas na UFSM e orienta alguns alunos de mestrado e doutorado.

Há sete anos montamos uma Estação Experimental e há quatro anos credenciamos esta Estação pelo Ministério da Agricultura para prestação de serviços, buscamos outros colegas para trabalhar conosco e passei a fazer a parte administrativa.

Há três anos criamos a Phytus Ensino ministrando treinamentos e capacitações e hoje administro as duas empresas, resumidamente é essa a minha atividade.

RC - Você contou q teve q trabalhar meio período quando os filhos ainda eram pequenos. Conta como foi essa separação, este processo de ficar um tempo longe dos filhos para se dedicar a carreira.

CB - Foi bem difícil, muito sentimento de culpa no início.  Depois eles foram se adaptando à Escolinha. Mas acho que toda mãe sente isso, somos meio bobas neste sentido, depois tudo passa.

Atualmente, são eles que não querem ficar perto da gente (risos).

RC - Durante esses anos como engenheira agrônoma, quais foram as maiores dificuldades encontradas e como foram superadas?

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CB - A maior dificuldade foi o descrédito como profissional, principalmente porque na época, na década de 80, não haviam muitas mulheres nesta área como hoje.

Para se ter uma ideia, na minha turma eram apenas eu e mais outra colega, o restante eram homens.

Este problema, de falta aceitação, foi superado com conhecimento, postura, paciência e muito bom humor.

RC - Qual o conselho você pode dá à mulher que quer seguir os seus passos profissionais, mas tem receio de entrar num mercado considerado altamente masculino e competitivo?

CB - Conhecer o mercado de trabalho, manter uma firme postura profissional, manter-se atualizada, pois o agronegócio é muito dinâmico e, mais do que tudo, confiar em si mesma.

RC - Na correria do dia a dia, com agenda lotada, há espaço para a vaidade feminina? Qual o segredo para conciliar a vida pessoal com a profissional?

CB - Sempre temos tempo. O segredo é organizar o tempo e priorizar.

Sou bem vaidosa, faço drenagem linfática todas as segundas e quartas às 7h30 da manhã, bem cedo para não atrapalhar o trabalho.

Vou ao cabeleireiro, faço cabelo e unhas todas às sextas, no final da tarde, assim fico o final de semana arrumada e a semana toda de unhas feitas. Caminho três vezes por semana no fim do tarde, em benefício a minha saúde.

RC - Quais são os planos para 2012?

CB - Estudar um pouco mais de gestão. Nós temos na empresa um plano anual de treinamento, portanto estarei fazendo uma capacitação em gestão administrativa

RC - Em sua opinião, o que ainda falta para a mulher se firmar no agronegócio, tomar a linha de frente, ocupar lideranças?

CB - Ela já está ocupando, o tempo vai mostrando isso. Mas acredito que falta priorizar e seguir em frente.

* Esta empresa é uma organização que atua na geração e compartilhamento de conhecimento, focada em atender o agronegócio 

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UFSM, Turma de Engenharia Agrônoma, 1983 Clarine Balardin, Filhos, Phytus Foto 1990, Clarice, Ricardo, Balardin Clarice, Balardin, Atual, Phytus

 

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Fonte: Ana Brito / Rural Centro



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