Mulheres no campo: Ivete Pinesso

20 Jan 2015

Persistência e coragem, esse é o lema de Ivete Maria Pinesso, 60 anos, mulher que não temeu a resistência das pessoas e empreendeu na pecuária aos 54 anos. Hoje é uma referência na área e já recebeu até visita de pecuaristas argentinos, intermediada pela Embrapa, para conhecer novas tecnologias para criação de gado.

Ivete é paranaense e está em Campo Grande há 10 anos, tem dois filhos e quatro netos. Ela conta com orgulho sua história vitoriosa à Rural Centro.

Rural Centro: Quando e como começou no agronegócio?

Ivete Pinesso: Sempre trabalhei, mas em outros segmentos, mas nunca esqueci o sonho de voltar para o campo. Logo após meu divórcio resolvi realizar essa vontade. Comecei devagar na minha propriedade em Bandeirantes de 1200 hectares, com apenas 280 vacas e hoje tenho dois mil bois a pasto e também atuo com confinamento. Fui bastante ousada, pois quis desenvolver uma pecuária moderna, na qual utilizei alta tecnologia de produtividade. Meu gado tem suplementação proteinada, faço precoce e etc. Em 2011recebi a visita de um grupo de pecuaristas argentinos, acompanhado pelo pesquisador da Embrapa, Davi José Bungenstab.

Rural Centro: Sua família tem uma forte tradição no agronegócio, isso te influenciou?

Ivete Pinesso: Meu sonho era voltar para o campo. Sempre vi meus pais trabalhando na terra. Acho muito digno produzir alimentos e por isso, guardei essa vontade e hoje sou extremamente feliz e realizada. Não troco a pecuária por nada, não é o meu negócio mais lucrativo, mas é o que me traz mais satisfação, amo o que eu faço e não vou largar nunca.

 

Rural Centro: Tem experiência em outro segmento?

Ivete Pinesso: Como já disse, sempre trabalhei. Morava em Campo Mourão-PR e lá tive uma loja de eletrônica por cerca de 30 anos. Depois mexi com o ramo industrial, com produção de micro foliares.

Rural Centro: Já sofreu preconceito por ser mulher?

Ivete Pinesso: Não, por ser mulher não. No começo senti muita resistência em relação à ideia que eu tinha, em desenvolver uma pecuária moderna, com alta tecnologia. Muitos vizinhos de porteira não davam crédito a minha iniciativa. Mas hoje, muitos deles veem me pedir sugestões e conhecer o trabalho que eu faço. É muito gratificante ver homens se interessando pelos resultados que eu obtive na minha propriedade.

Rural Centro: O que acha que falta para termos mais mulheres no agronegócio?

Ivete Pinesso: As mulheres ainda não assimilaram que o agronegócio é como qualquer outro negócio. Ainda há aquele estereótipo que agro é sinônimo de homem, mas não é bem assim. A fazenda é igual a uma casa, precisa de administração. Tenho muitos funcionários homens e alguns deles dizem que se por acaso saírem daqui não voltam a trabalhar com homens, que com mulher é muito melhor.

Tenho muito orgulho do que faço, minha filha também trabalha no agronegócio, produz grãos em Primavera do Leste-MT e minha neta que é agrônoma, já iniciou sua carreira no agro. Nunca abri mão na minha vaidade, me cuido e tenho o apoio da minha família e do meu noivo. O segredo é ter persistência e coragem!

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Fonte: Gabriela Borsari / Rural Centro



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