Mulheres no Campo: Joanna D’Arc de Paula

20 Jan 2012

Ela venceu duas dificuldades: aprendeu toda a dinâmica do campo e se transformou em uma ótima empreendedora rural e venceu as barreiras do preconceito racial. Forte, dedicada, mãe zelosa, para ela não existe tempo ocioso. Conheça esta semana na série Mulheres no Campo a pecuarista e estudiosa, Joanna D’Arc de Paula. Além de possuir uma propriedade em Rio Verde de Mato Grosso e Sidrolândia, ela é formada em administração, em direito e agora está terminando o doutorado em psicologia em Portugal. Confira:

Rural Centro – Desde 2009 quando passou a assumir a propriedade, imaginava que um dia ficaria à frente dos negócios da família? Como foi este inicio de caminhada? 
Joanna de Paula -
Apesar de sempre acompanhar os negócios da família, só assumi a frente de tudo em 2009, quando me divorciei. Juntamente com meus filhos Almir Júnior (bacharel em direito) e Joanne (médica veterinária), iniciamos uma parceria que realmente me satisfez, porque percebi a responsabilidade de meus filhos, a educação que receberam. Realmente vislumbro sempre eles colocando em prática, e isso é gratificante, realmente dá retorno.

RC - Quero começar tocando em um assunto que demonstra claramente a força feminina. Além de trabalhar em uma área tradicionalmente machista, que é o campo, a senhora ainda é negra, cuja discriminação ainda existe, por mais que seja velada, como lidou com estas questões?
JP -
Os papéis sociais e as regras impostas para o homem e para a mulher seguir são ditadas pela sociedade, sendo assim é apenas questão de gênero. 
Quanto a discriminação, percebo que no campo é mais em relação a mulher do que racial. No campo, como mecanismo de defesa, é necessário que a mulher tenha atitudes consistentes, pois se as pessoas percebem que ela não sabe o que quer, não a respeitam. No começo a toleram pelo dinheiro que tem, mas no decorrer do tempo conquista-se o respeito pelo modo de lidar com as diferentes situações do dia-a-dia.

Joanna com sua filha e braço direito, JoanneRC - Foi fácil se apaixonar pelo meio rural? O que considera ter sido mais difícil?
JP -
Sim, foi fácil me apaixonar pelo meio rural, porque é um constante desafio. O mais difícil é lidar com as oscilações do mercado rural, tendo sempre que traçar novas estratégias para evitar prejuízos.

RC - Além de cuidar da fazenda, ser formada em direito, em administração e estar fazendo doutorado em psicologia em Portugal, a senhora ainda é mãe e pastora evangélica. Como consegue conciliar e acumular tantas funções?
JP -
Quem tem muito para fazer, sempre consegue fazer algo mais. Às vezes precisamos esquecer de nós e pensar um pouco nos outros. E tudo o que fazemos temos que fazer como se fosse o último de nossas vidas. Antigamente eu me sobrecarregava, mas isto era muito desgastante e infrutífero, o que me impedia de crescer, então comecei a delegar atividades para pessoas qualificadas e concentrar em mim as decisões principais


RC - Como avalia este momento em que a mulher está cada vez mais se destacando em cargos/funções em que somente o homem ocupava?
JP - A avaliação é que as transformações ocorridas na sociedade no decorrer dos tempos aumentaram a necessidade da mulher entrar no mercado de trabalho, em muitas situações para ajudar no orçamento familiar. Esse fato ocorre não para a mulher competir com o homem, mas sim por questões de necessidade. A mulher cada vez mais vem conciliando a vida familiar com a profissional, sendo capaz de assumir qualquer cargo/função, vencendo preconceitos e assumindo posições igualitárias na vida diária. A mulher tem alguns diferenciais que se sobressaem: mais intuitiva, escuta mais, pondera mais e tem o domínio de saber fazer várias tarefas ao mesmo tempo. Mas o mercado de trabalho exige muito mais da mulher do que do homem, temos que provar nossa capacidade e competência constantemente e apresentar resultado. Este é um momento ímpar de conquistas para a mulher, mas existe ainda um longo caminho a ser percorrido, porque há muita desigualdade neste contexto. 

RC - Existe receita de sucesso para uma fazenda crescer e ter mais lucros?
JP -
Não temos uma receita de sucesso, mas em nossa propriedade, primeiramente, pedimos direção para Deus e investimos no que há de melhor no mercado para ter bons resultados como: máquinas, implementos agrícolas, suplementos e incentivos aos funcionários para melhor desempenho de suas funções. Para termos uma boa pastagem, utilizamos herbicidas e sementes de qualidade, visando maior facilidade de manejo dos animais e com maior capacidade de ocupação, para evitar a perda de animais por ingestão de plantas tóxicas e menos animais peçonhentos. E dando ênfase principalmente na sanidade do rebanho. Quanto a lucro, não podemos esperar retorno imediato, o retorno é a médio e longo prazo.

RC - Acredita que pelo fato dos seus filhos trabalharem contigo, o êxito é um reconhecimento deste esforço em conjunto?
JP - É uma honra ter meus filhos assumindo responsabilidade, e a honra atrai o favor de Deus. Também temos pessoas abençoadas à nossa volta. O trabalho em conjunto é importante porque há uma interação, onde desenvolvemos metas coletivas, onde tudo é planejado e elaborado, todos têm sua colaboração: no envolvimento, no comprometimento para o planejar, o gerenciar, o executar, o acompanhar e o de corrigir rumos quando necessário. Assim trilhamos na mesma direção com muito amor.

Veja Fotos de Joanna D'Arc de Paula
Joanna ao lado dos filhos Na lida do campo Desfrutando dos bons momentos Em sintonia com as belezas do campo Joanna é gente que faz!

 

Você tem sugestões para esta série? Escreva no mural da rede temática Mulheres no Campo, na rede social +Rural.

O que é +Rural

 

Fonte: Elaine Valdez - Rural Centro



Nosso site possui algumas políticas de privacidade. Tudo para tornar sua experiência a mais agradável possível. Para entender quais são, clique em POLÍTICA DE PRIVACIDADE. Ao clicar em Eu concordo, você aceita as nossas políticas de privacidades.