Mulheres no Campo: líder rural Volnete Matos

10 Dec 2011

Ela foi a primeira mulher a assumir a diretoria do sindicato rural do município de Rio Brilhante, situado a 160 km de Campo Grande/MS. A paixão pelo campo surgiu como em várias histórias que temos acompanhado: motivada pela viuvez aos 30 anos de idade. Determinada e com muita fé em Deus e pela vida, ela é sinônimo de força e perspicácia. Conheça na série Mulheres no Campo dessa semana a história de Volnete Inês Aléssio Matos, presidente do sindicato rural do município. Confira:

Rural Centro – Mesmo vindo de uma família que sempre trabalhou no campo, devido a viuvez a senhora teve que assumir a fazenda e a lida rural. Conte como foi este reinício como chefe de família?
Volnete Matos -
Todo o começo é sempre difícil, há medo e insegurança, pois ao perder meu esposo aos 30 anos, e com um filho de dois anos e outro que nasceu 3 dias após o falecimento de seu pai, vi-me como Maria no calvário, mas como tudo em minha vida sempre foi  consagrado a Deus, Ele colocou pessoas ao meu redor que se dispuseram a me ensinar e a ajudar nesta nova etapa. Agradeço principalmente, meus familiares.

RC - Como ser firme sem perder a essência feminina?
VM -
Ser mulher é graça de Deus, e a maternidade me ajudou a superar os medos e obstáculos, e foi  essa  condição de mãe que não me deixou perder a essência feminina, fui pai quando os meus filhos precisaram e fui peão para administrar os negócios. Tive que aprender a fazer e essa foi a diferença, pois como mulher, tive como exemplo Maria mãe de Deus, mulher forte  diante da cruz, e ela me ajudou a ser mãe, administradora rural e a não perder a feminilidade, bem como orientar e ensinar meus filhos a valorizar e respeitar o ser humano.

Registro durante a posse da presidente.
RC – A senhora foi a primeira mulher a assumir a diretoria do sindicato rural de Rio Brilhante. Fiquei sabendo que foi a contragosto, mesmo relutante, aceitou. Por que resistiu?
VM -
Toda a mudança exige quebra de paradigmas. Nossa sociedade é machista, talvez isto me fez relutar, pois na gestão anterior de minha presidência fui tesoureira e participei de muitas reuniões e tomadas de decisões e nestas, percebi o preconceito em relação a mulher, seja ela mãe, advogada, operária, senadora, trabalhadora rural e até mesmo presidente, a sociedade ainda continua machista. Como mulher precisava mostrar que também podia e posso administrar, produzir e refazer o meio rural com amor e docilidade, pois essa é a rotina da mulher.

RC – Na sua opinião, o que falta avançar no meio rural? Acredita que a tecnologia é uma ferramenta importante para o monitoramento, aprimoramento e aproximação de pessoas com o mesmo ideal?
VM - O agronegócio é um desafio em todos os setores e buscar novas e adequadas tecnologias para melhorar a produção é uma ação constante, e sem dúvida, monitora os trabalhos, aprimora e aproxima as pessoas envolvidas. Cabe ressaltar que em nosso país ainda estamos a caminho de uma política agrícola que integre e fortaleça o meio rural incentivando e trazendo segurança ao grande e pequeno produtor, à agricultura empresarial e familiar.

RC – Durante as comemorações de 60 anos da CNA e 20 anos do Senar, evento ao qual participou, ficou claro o fato de que o agronegócio é a base da economia Brasileira. Pensando por este ponto de vista, a responsabilidade aumenta?
VM - Sim, pois a responsabilidade é grande e nós homens e mulheres do agronegócio temos como objetivo sustentar a nação, seja em alimento, ou em preservação ambiental, e até mesmo na própria economia, buscando capacitação e especialização tecnológica, pois a biodiversidade de nosso país é uma das mais ricas do mundo e precisamos produzir com consciência e responsabilidade, sem depredar o meio ambiente.

RC – Qual o legado que pretende deixar para as próximas gerações?
VM -
Sem Deus nada é possível. Como diz Paulo de Tarso grande evangelizador “Tudo posso naquele que me fortalece”  e, para você que me lê, digo: seja um bom profissional  na área rural, econômica, política e social, ou simplesmente mãe e pai, pois tudo o que fizer, faça com Deus, pois será sempre pensando no próximo. E este é o meu legado, fazer o meu trabalho e viver honestamente pensando no próximo, porque sozinhos não somos ninguém.

Veja fotos de Volnete Matos

 

>> Você tem uma sugestão para a próxima entrevistada da série? Publique no mural da rede Mulheres no Campo na rede social +Rural.

* O que é +Rural?

Fonte: Elaine Valdez - Rural Centro



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