Mulheres no Campo: Maria Inês Bunning

24 Apr 2012

Um exemplo em que a feminilidade e delicadeza fazem toda diferença no Agronegócio, com certeza, é a Maria Inês Garcia Bunning, de Campo Grande/MS, destaque da Série Mulheres no Campo deste domingo. 

Esta senhora simpática concedeu entrevista à Rural Centro de forma muito espontânea e merece aplausos por uma trajetória vitoriosa no setor.

Maria Inês é sócia fundadora da BPW/CG (Associação de Mulheres de Negócios e Profissionais de Campo Grande). Quando as filhas ainda estudavam, conciliava a organização do escritório da fazenda em Campo Grande, cuidava da casa, participava de associações de classe e foi candidata à deputada federal em 2002. Enquanto isso, seu marido fazia o trabalho de campo e negociava os produtos.

Participante ativa na equipe feminina da Acrissul, membro da UDR Mulher, é agora conselheira do Senar, na  Famasul. A senhora Bunning começa o bate-papo falando que hoje o papel dela no setor é de Mãe, ouvinte e atenta aos problemas, simplesmente, aconselhando, cuidando ...

Conheça e inspire-se na história desta mulher que assume não gostar do campo, prefere a agitação da cidade, mas não fica longe do agronegócio. Como ela diz: “Também podemos pertencer ao agronegócio vivendo na cidade e atuando nos órgãos de classe que precisam ser cada vez mais presentes na vida do produtor rural. Viver na fazenda não determina a importância que você dá ao rural. Muitas vezes sua ajuda na cidade é mais eficaz do que ir ficando sem função e utilidade na fazenda”.

Rural Centro - A senhora nos contou que o começo com o meio rural foi com o seu pai, que comprou terras no interior do Mato Grosso do Sul e as repartiu ainda em vida. Explique um pouco deste início de contato com a pecuária de corte e como foi a chegada ao MS. 

Maria Inês Bunning - Quando solteira morava em Piracicaba/SP, onde minha família possuía um frigorífico. Estudei direito em Bauru , me casei, morei em Presidente Prudente, voltei para Piracicaba e depois São Paulo, capital. Nunca tive receio de mudança. Sempre via uma oportunidade de crescimento.

No início da década de 80, já com duas filhas (Ana Lia e Graziela ), junto com meu marido Bernhard Bunning, decidimos por nova mudança:  Meu marido passava 15 dias conosco e 15 dias se dividindo entre Três Lagoas e Angélica. Enquanto isso, eu ficava em São Paulo, sendo mãe e pai e lecionava no IADE (Instituto de Artes e Decoração) e trabalhando na Projeção 5, um escritório de projetos e execução de decoração residencial comercial e de emMaria Inês Bunning, Família presas. Depois montei com uma amiga um ateliê de artesanato e foi uma ótima experiência. Vendíamos para todo o Brasil e chegamos a exportar para América Latina. 

Toda a família se reunia em Angélica no mês de julho, nas férias de meio do ano. Era uma festa a reunião dos 14 primos, três irmãs e seus maridos e um irmão com sua mulher. Além da presença dos meus pais Marcilia e  Octamiro.  Desde aquela época, inventava sempre alguma coisa para passar o tempo, alguma coisa para fazer, me ocupar durante o dia: lia, cozinhava, fazia tricô, ensaiava teatrinhos com as crianças. De tudo um pouco. Mas muito movimento. Muitas vezes meu pai me procurava para “trocarmos ideias“ em algumas situações, por ser a filha mais velha, embora mulher.

As filhas foram crescendo e logo eram duas adolescentes que precisavam mais da presença paterna.  Chegava então o momento de uma decisão: mudança para MS para ficar perto do negócio.  A escolha seria entre Dourados e Campo Grande.

Visitando Campo Grande, ao abrir a janela do quarto do hotel, veio a decisão: a transparência da capital nos conquistou e fizemos nossa escolha. Chegamos aqui na quarta feira de cinzas de 1981, para morar na Rua Santa Tereza, na Copa Morena.

RC - Após este período, quando a senhora veio a Campo Grande e colaborou com a administração das propriedades da família, mesmo ficando em casa. Durante este período qual foi a maior dificuldade encontrada e como foi superada?

Maria Inês Bunning, produtora, MSMI - Logo que chegamos aqui, adquirimos um terreno no jardim Guarujá e iniciamos a construção da nossa casa. Ao mesmo tempo, Bernhard formava a Fazenda Forquilha em Dois Irmãos do Buriti e começamos a frequentar a Acrissul e a ela devemos nosso entrosamento na cidade. 

Também facilitou nossa convivência a amizade com a família de José (Juca) Vieira e dona Zenith.

Eu vivi grandes momentos e um deles me marcou muito: quando com a UDR (União Democrática Rural) fomos á Brasília, durante a Constituinte, lutar pelo direito de propriedade. A emoção a determinação em ver reconhecida a importância do meio rural, tomou conta de nós, da UDR Mulher e  foi, sem dúvida, o encontro entre o que tinha como ideal e a defesa de nossos direitos.

Grandes Dificuldades realmente não encontrei nesta cidade, pois me senti acolhida.  Viemos para cá a fim de colaborar com nosso trabalho e quando se chega de peito aberto não se encontra resistência. Hoje me sinto cidadã de Mato Grosso do Sul, renascida em Campo Grande.

Maria Inês Bunning, em dois importantes momentosRC - Após isso, a entrada no cenário político e social, através da Famasul e Acrissul, há tanto tempo, conte-nos como foi e como tem sido. 


MI - Não houve entrada. A política faz parte do dia a dia. Dentro da Acrissul conseguimos muitas vitórias e lembro a Primeira Expocentro Industrial de Cruzamento Industrial, que abriu o horizonte da bovinocultura no MS.

Famasul é mais recente, foi na gestão do Leo Brito quando trouxe para cá o “Líder MS”, programa da USP que desenvolvia  novas lideranças e lá estava eu com 60 anos, começando nova etapa.

RC - É maravilhosa a sua participação dentro da BPW/CG. Como uma das fundadoras e no fim na coordenadoria da comissão Condução da Mulher, além disso, a senhora ganhou a Comenda da organização em 2011. Como foi esta trajetória?

MI - As coisas se misturam em nossas vidas. Dentro da UDR nasceu a BPW, uma dava continuidade a outra , são processos contínuos. Sou sócia fundadora e o meu primeiro Congresso Internacional foi no Japão em 1993, depois deste vieram muitos outros, fui presidente da entidade local de 1997-1998  e no ano seguinte fui eleita  presidente da BPWBrasil de 1999 a 2002. 

Em 2001, realizamos o Terceiro Congresso Regional de América Latina e Caribe Hispânico, em Bonito, quando recebemos sete países latinos e a direção da BPW Internacional. Em 2005 fui eleita Coordenadora de América Latina, participando do Comitê Executivo Internacional, durante o Congresso Internacional na Suíça.

Concluía, então, o caminho que traçara para mim na BPW Internacional e hoje busco colaborar com a Associação local, mas minha missão está cumprida. Já em relação à comenda BPW, agradeço e tenho a certeza que fiz por merecê-la.

Veja fotos dos momentos vividos na BPW

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RC - Pudemos perceber nas fotos divulgadas na mídia que a senhora é elegante, bonita, vaidosa, mãe, avó, esposa. Como foi e como é possível conciliar: Trabalho, família e não perder o momento Mulher, o momento feminino?

MI - Acreditando e agindo. É bom ser mulher e dividir carinho

RC - Qual o segredo para manter o vigor nesta fase da vida? A senhora contou que não consegue ficar parada, como manter-se ativa sempre? 

MI - Cuidando do corpo e principalmente da mente. Amando os que me cercam e os que precisam de amor: “Felicidade só se tem quando se doa” é o que diz uma música e é verdade.

RC - Qual o conselho que a senhora dá para esta nova geração de mulheres no agro negócio que ainda enfrenta preconceitos?

MI - Serenidade, Coragem, Verdade e Paz. Amor ao que se faz. Não existem lugares com nomes marcados. Existe o teu lugar. Ocupe-o.

RC - E por último, quais são os planos para 2012?

Continuar, sem apego, pois tudo tem seu tempo para começar e para terminar. Continuar crescendo sempre e aprendendo com todos. Vi dias atrás uma reportagem com uma mulher fazendo 101 anos. Sendo assim, tenho ainda mais três décadas pela frente. VIVA!!!  Avante.

Você tem sugestões para esta série? Escreva no mural da rede temática Mulheres no Campo, na rede social +Rural.

O que é +Rural?

 

Fonte: Ana Brito / Rural Centro



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