Jaca: mocinha ou vilã?

A jaca ou jaqueira (Artocarpus heterophyllus Lam.), é uma espécie arbórea, nativa das florestas do sudeste asiático, típica de estágios sucessionais avançados. A jaqueira é considerada uma árvore de grande porte, chegando a atingir mais de 20 m de altura. Sua dispersão ocorre naturalmente até 1.300 m de altitude. É tolerante a sombra, porém, necessita de um pouco de luz e espaço para seu desenvolvimento durante os estágios iniciais de vida.

 

Assim como em outras diversas regiões do globo, a jaca foi introduzida no Brasil com o intuito alimentar. Aqui, ela teve grandes facilidades para se adaptar, pois, o clima brasileiro possui semelhanças ao do seu habitat de origem.

 

Prós

A jaca possui frutos carnosos que são bastante apreciados pelo homem e pela fauna. Em praticamente todos os países com clima tropical a espécie é cultivada com grande sucesso. Tanto os frutos, como suas sementes, podem ser consumidos de várias formas. No Brasil, uma jaqueira bem desenvolvida chega a produzir até 100 frutos por ano, alguns destes podendo pesar mais de 30 quilos.

 

Para os animais, tem sido apontada como uma fonte importante de forragem, principalmente em pequenos fragmentos florestais. Dentre outros que se beneficiam da espécie pode-se citar roedores, macacos e porcos selvagens. Sua madeira possui densidade média, apresenta boa durabilidade e é resistente a ataques de cupins. Em algumas regiões é bastante utilizada na confecção de móveis e instrumentos musicais.

 

As cinzas da jaca são utilizadas isoladamente ou misturadas ao óleo de coco na medicina popular. Acredita-se que ela seja capaz de curar úlceras. Já seu látex, misturado com vinagre, promove a cura de abscessos e inchaços. Sua raiz ainda pode ser usada para o tratamento de doenças de pele e asma.

 

Contras

Por apresentar total adaptação ao clima, principalmente da região dos domínios de Mata Atlântica, hoje, a jaca se multiplica no Brasil sem a necessidade da intervenção humana. Favorecida pela atual situação de degradação dos fragmentos florestais, ela forma grandes adensamentos populacionais, inviabilizando a regeneração de espécies nativas.

 

Estudos apontam que a presença da jaca diminui o número de espécies lenhosas nativas assim como o número de indivíduos dessas espécies, fazendo com que a diversidade dos sítios invadidos seja significativamente afetada. A jaca também é capaz de alterar os teores de nutrientes e pH dos solos desses ambientes. Associado a esse fator, as substâncias alelopáticas encontradas em seus tecidos, são apontados como as principais razões para as modificações causadas pela espécie sobre a vegetação autóctone.

 

Considerações finais

A despeito da importância da espécie como recurso forrageiro para a fauna nativa, e como alimento para o homem, a jaca é uma importante ameaça à vegetação nativa, tornando-se necessário e urgente ações de manejo e controle da mesma.

 

Autores: 

Kelianne Carolina Targino de Araújo Fabricante

Graduanda em Ciência Biológicas, UEPB, Campina Grande, PB

 

Juliano Ricardo Fabricante

Doutor em Agronomia, Biólogo do Centro de Referência para a Recuperação de Áreas Degradas (CRAD), UNIVASF, Petrolina, PE