História da Raça: Gir Leiteiro
09 May 2012
A equipe de jornalismo da Rural Centro retoma o tema pecuária de leite na série História da Raça desta quinta-feira, aproveitando a realização do Encontro de Leite 2012, em Campo Grande/MS. O personagem escolhido para essa semana é o zebu Gir Leiteiro.
O evento, que conta com nomes importantes de setor, será realizado nos dias 14 e 15 de maio e está focado na Qualidade do Leite.
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Origem | Origem no Brasil | Características | Conversa com o produtor | Fotos |
Origem do Gir Leiteiro
O Gir é um animal de origem indiana, especificamente da península de Catiavar, com dupla aptidão: produtor de carne e de leite, ou seja, o Gir Leiteiro.
Chegada ao Brasil
As primeiras importações brasileiras desta raça ocorreram 1906 e principalmente, por causa da intensificação na formação da raça Indubrasil, as compras do animal indiano se intensificaram entre 1920 e 1940.
As primeiras importações tiveram como objetivo a seleção genética produtora de carne no Brasil, uma vez que o conhecimento sobre o potencial leiteiro do zebu era pouco trabalhado.
Em outubro de 1980, foi fundada a Associação Brasileira dos Criadores de Gir Leiteiro (ABCGIL), preocupada em avaliar não só os parâmetros raciais como os de produção dos criadores. Cinco anos depois, é criado o Programa Nacional de Melhoramento do Gir Leiteiro, da Embrapa Gado de Leite, em parceira com a ABCGIL.
Atualmente, este animal é considerado uma excelente opção para o setor, trazendo vários benefícios, como a produção de diversos produtos: leite, sêmen, embriões, tourinhos, matrizes.
Características
Com certeza a adaptabilidade é um ponto forte dos zebus indianos trazidos ao Brasil. Além disso, a rusticidade é um benefício para quem quer se dedicar ao setor.
Segundo informações da ABCGIL, este animal tem boa capacidade leiteira, com produção de 3,233 mil quilos por lactação, ou seja, 12 quilos de leite ao dia.
Tem uma boa longevidade e pode conceder dez crias em atividade leiteira. Além disso, a vaca Gir pode dar cria a animais machos para recria e engorda.
Por ser um animal rústico é bastante resistente aos ectoparasitos, principalmente o carrapato.
A Rural Centro entrevistou o produtor leiteiro José de Castro, da Fazenda Santana da Serra, em Mococa/SP. A história da fazenda do senhor José começa com o seu avô Francisco Muniz Barretto, que desde 1930 já criava Gir Leiteiro.
A empresa foi umas das primeiras a utilizar a ordenha mecânica (veja a foto ao lado), com o balde ao pé, em todas as fêmeas em lactação (vacas e novilhas), a partir de 1.974, usando um estábulo especialmente construído para esse fim.
A família também é pioneira na utilização de Inseminação Artificial na raça, com coletas de sêmen na Fazenda Santana da Serra desde 1.971.
Rural Centro – Quais foram os motivos que levaram a sua família a criar o Gir Leiteiro?
José de Castro – Escolhemos primeiro porque o Gir Leiteiro é indiano, perfeitamente adaptável ao clima tropical, podendo ser criado de Norte a Sul do Brasil. Além disso, a produtividade é excelente, podendo em média chegar a 3,9 quilos de leite por lactação, com 4% de gordura e 3,5% de proteína. Atualmente, nosso rebanho é composto por 400 cabeças.
RC – Qual a maior dificuldade que o senhor encontrou com a criação do Gir Leiteiro ao longo de todos esses anos?
JC – Não sofri obstáculo com a raça especificamente, mas sim com a seleção, isso porque logo no começo da criação da raça pelo meu avô não havia escolha genética, ou melhor, não haviam provas zootécnicas, os animais eram escolhidos por aspectos visuais e por cruzamentos empíricos.
RC - O Gir Leiteiro exige algum cuidado veterinário específico ou alimentação diferenciada em relação a outras raças?
JC – Não exige nada de diferente em ambos casos, inclusive por ser um animal rústico é mais resistente e não usa tanta medicação, por exemplo, remédio para carrapatos. Em nossa propriedade utilizamos produção a pasto e semiconfinamento.
RC – Qual a dica que o senhor dá para quem quer entrar na atividade?
JC – O criador deve procurar animais de procedência, um Gir Leiteiro de verdade, com controle oficial e utilizar touro cuja tese de progênie tenha sido avaliada e provada.
O Encontro do Leite é realização da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul - Famasul, Senar/MS, Funar, Governo de MS e Sindicato Rural de Campo Grande. E ainda conta com o patrocínio da Organização das Cooperativas Brasileiras no MS – OCB/MS e apoio da Câmara Setorial do Leite.
Fonte: Ana Brito / Rural Centro