Aumento de tarifa de importação de carne suína não impede comércio com a China, diz ABPA
15 Dec 2021
Ricardo Santin, presidente da entidade, projeta estabilidade nas compras chinesas e novos embarques à Rússia para 2022
O anúncio, nesta quarta-feira (15/12), de que a importação da carne suína pela China voltou a ser taxada em 12% não foi visto com preocupação por Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
Ele conversou com o editor-chefe da revista Globo Rural, Cassiano Ribeiro, e com o editor de Agronegócios do jornal Valor Econômico, Fernando Lopes, na terceira live do especial Semana do Agro. Ele avaliou que a comercialização aos chineses permanecerá, bem como há chances concretas de aberturas de mercado para Rússia e Canadá.
Santin lembra que a tarifa de importação do produto havia sido reduzida para 8% na época em que faltou oferta de suínos na China, devido à Peste Suína Africana (PSA). Agora, com sinais de que o país asiático retoma sua produção interna, a taxa subiu novamente aos 12%, mesma porcentagem aplicada à Europa.
“Lógico que isso diminui a comercialização entre Brasil e China, mas não impede. Este aumento não vai fazer a gente parar de vender”, afirmou, ao lembrar que na concorrência há ainda os Estados Unidos, mas que possuem, além dos 12%, outra tarifa de 25%, o que reforça a competitividade brasileira.
Ainda no cenário internacional, Santin se mostra confiante com novos embarques de aves para a Rússia, à medida que o país abriu uma cota de 100 mil toneladas para importação, o que equivale a 10% da exportação total do Brasil concentrada em apenas um mercado. Ele também ressalta o trabalho de aproximação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) com o Canadá.
“A China começa a diminuir volume, mas a Rússia pode equilibrar este cenário”, afirmou. Ainda assim, para fins de comparação, ele citou que a China chegará a 600 mil toneladas de carne de aves importadas em 2021.
Os números consolidados do desempenho do setor de aves e suínos serão anunciados oficialmente pela ABPA, nesta quinta-feira (16/12). No entanto, Santin já consegue prever que ambas as atividades devem apresentar crescimento em torno de 4% e aumento nas exportações por volta de 10%.
Em relação à rentabilidade, os altos preços do milho e do farelo de soja apertaram no bolso dos produtores, já que a ração representa 70% dos custos da avicultura. “Os custos mudaram o patamar de preços ao consumidor, vai ficar mais caro ou vai se manter nesses níveis”, alertou.
Ainda assim, “o Brasil é o maior cliente do Brasil”, reforçou Santin, ao dizer que o consumo de frangos, suínos e ovos tem aumentado nos lares brasileiros, e a projeção para 2022 é favorável. “Temos a entrada do Auxílio Brasil, aumento do salário mínimo e a retomada de um país vacinado. O movimento que consome proteínas é consistente e eu vejo em 2022 o setor crescendo positivamente”, afirmou.
Fonte: Revista Globo Rural