Expogrande 2012: Qualidade do leite e os benefícios ao produtor

23 Apr 2012
A busca pela qualidade do leite, seguindo os padrões estabelecidos pela IN 62, traz benefícios ao produtor. É o que mostrou a palestra sobre o Programa Nacional de Melhoria da Qualidade do Leite, ministrada por Luiz Marcelo Martins Araújo, representante do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), nesse último sábado (21), na Expogrande 2012.
O Programa vem atender ao produtor de leite através de capacitações sobre como dirigir sua produção para que haja um resultado mais eficaz, trazendo, principalmente, explicações simples e objetivas sobre a Instrução Normativa 62.
Segundo o palestrante, a qualidade do leite é medida, principalmente, pela Contagem de Células Somáticas (CCS) e Contagem Bacteriana Total (CBT).
A CCS refere-se a diferentes tipos de células do corpo presentes no leite, são as células de defesa, entretanto, uma grande quantidade delas pode causar inflamação na glândula mamária, conhecida como mastite. Quanto menor o número de células somáticas, menor vai ser a perda produtiva. Uma CCS que aponte um número de 200 mil células significa que 6% do gado leiteiro estão infectados, mas que a perda na produção é de 0%. Já uma contagem de 500 mil aumenta essa perda em 6%, com 16% do gado infectado. O padrão exigido pela IN 62 é de 600 mil.
Fique de Olho! Produtor não deixe que as amostras do leite de sua propriedade sejam levadas sem serem colocadas em um lugar resfriado com a temperatura máxima de 10o. Temperaturas maiores fazem com que as bactérias se multipliquem aumentando o nível de CBT e interferindo no resultado das análises. |
Já a CBT é relacionada às bactérias presentes no leite. A contaminação pode vir da mastite, de ordenha suja, equipamentos e mãos sujas, ou da água contaminada. Obter o leite higienicamente, cuidar da sanidade da glândula mamária e a refrigeração são formas de evitar essa contaminação. Um método para obter tudo isso é atender ao requisito de 4ºC em três horas para refrigeração após a ordenha, por exemplo, fator que inibe a multiplicação das bactérias e aumenta o tempo de validade do leite. O padrão para CBT também é de 600 mil.
A pecuária leiteira no Mato Grosso do Sul ainda está 22 % fora dos padrões CBT e 6% do CCS, segundo números do Sistema de Inspeção Federal (SIF) relacionados ao ano passado. Para que esse número altere, o produtor precisa estar disposto a mudanças, segundo Luiz Marcelo. “É preciso que ele se conscientize a adotar medidas de higiene, por exemplo. Incentivo não falta, temos a Agraer, o Senar que vão até o produtor. Capacitar nós estamos, agora as pessoas precisam se motivar”, conclui. Investir na qualidade valoriza o rebanho, agrega valor à produção e traz a oportunidade do produtor lutar pela melhoria no preço do leite.
A IN 62, de 29 de dezembro de 2011, surgiu a partir de uma grande preocupação com a IN 51/2002, que vigorava no momento e exigia uma contagem de CBT e CCS de no mínimo 100 mil, um padrão não impossível, mas muito difícil para quem não conseguia chegar aos 600 mil exigidos hoje. A instrução prevê também outros requisitos como inclusão de pagamento por qualidade, avaliação individual nos tanques comunitários, cadastro no Sistema de Informações Gerenciais do SIF (SIG SIF), sanidade atestada por um médico veterinário, obrigatoriedade no envio dos resultados dos testes aos produtores, entre outras.
Vaca móvel
Criada para aumentar os resultados da produção leiteira, a Vaca Móvel, projeto do Sebrae – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, é um laboratório móvel para monitoramento da qualidade do leite que vai até as propriedades para analisar e diagnosticar os principais problemas da produção do local.
O laboratório faz análises da composição química tendo em vista a gordura, proteína, densidade, ponto de congelamento, sólidos totais e extrato seco desengordurado (todas outras composições menos a gordura). O diagnóstico sai na hora e animais que apresentarem alguma anormalidade são imediatamente tratados.
Patrícia Ramos e José Emerson, que trabalham com a produção de leite na cidade de Sidrolândia/MS, não conheciam a Vaca Móvel e alguns assuntos apresentados na palestra, principalmente em relação ao CBT e ao CCS. “Achei ótimo. Tudo que vem para melhora de nosso setor é bem vindo e todo conhecimento aprendido você tira proveito de alguma forma. Posso pegar tudo que foi apresentado aqui e aplicar na minha propriedade”, afirma José Emerson.
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Fonte: Ana Heck / Rural Centro