História da Raça: Ovelha Ile de France

12 Jan 2012

O surgimento da raça de ovelhas Ile de France, destaque da Série História da Raça desta quinta-feira, ocorreu no século XIX, na França. Especificamente na região da bacia de Paris.

O resultado foi do cruzamento entre duas raças produtoras de carne e com lã de qualidade: a ovelha Merino Rambouillet com reprodutores New Leicester (Dishley), gerando aí o Alfort.

Segundo informações do Sistema de Criação de Ovinos nos Ambientes Ecológicos do Sul do Rio Grande do Sul, desenvolvido pela Embrapa, após o cruzamento destas duas raças, em 1920 o animal novo recebeu sangue Merino Cotentin, criando o Flock Book, sendo que a finalidade deste método foi eliminar pigmentos escuros no focinho.

Em 1922, a ovelha recebeu o nome definitivo de Ile de France, em consideração ao nome da região de origem.

Ile de France no Brasil

Segundo as informações da Associação Brasileira de Criadores de Ile de France, os primeiros exemplares foram adquiridos na América do Sul provalmente em 1924. Aqui no Brasil no início da década de 30 e provalmente na Fronteira Oeste Gaúcha.

Um dos principais exemplos do sucesso da criação desta raça está na Cabanha Sá de Brito, em Alegrete/RS.

André Gomes, um dos criadores, explica que iniciou na criação de Ile de France em 1980, considerando que a ovinocultura sempre foi uma atividade econômica forte na região, com uma criação de 13 milhões de cabeças, sendo que as principais raças anteriormente criadas eram corriedale e ideal, com excelente qualidade de lã, único objetivo da época.

Com o início da comercialização de tecido de material sintético, os produtores tiveram que se direcionar para a indústria da carne e foi aí que a propriedade de Gomes iniciou a comercialização do Ile de France, que além da carne produz lã de qualidade fina, resultando em tecido isolante térmico.

André ressalta que é uma raça de alto potencial na produção de carne, que pode ser usado em cruzamentos com outras raças da mesma características, resultando em animais que podem ser precocemente abatidos entre 6 e 7 meses , em alguns casos entre 1 ano e 1 ano e meio.

Além disso, os animais para abate têm maior rendimento carcaça que os demais, algo em torno de 46% e 48% nos animais cruzados. 

Outros pontos favoráveis

Exemplo prático do diferencial do Ile de France é que enquanto um cordeiro tipo lã atinge entre 24 e 25 quilos na época de venda (novembro a fevereiro), o tipo cruzado com Ile atinge até 32 quilos.

A formação básica do rebanho é de 1 carneiro para 30 ovelhas, no sistema extensivo e de 1 carneiro para 80 ovelhas no sistema intensivo.

Os animais deste tipo precisam dos mesmos cuidados que as demais ovelhas, mas o criador deve ter cuidado no controle de verminoses.

Destaque: A alimentação do Ile é de pasto nativo, com suplementação de sal mineral, ou seja, uma das carnes mais saudáveis do mundo.

Dica do criador André Gomes:

O produtor que quer iniciar a criação de ovinos da raça citada deve participar das diversas feiras de ovinos de verão que estão ocorrendo no Rio Grande do Sul. Janeiro é o pico do comércio de ovinos, então é a hora certa para quem quer começar.

Características da Raça

Ovino de grande formato, com equilíbrio zootécnico equilibrado: 60% carne e 40% para produção de lã. Veja abaixo as demais características:

Cabeça	Forte, larga ao nível do crânio, mocha, de perfil reto ou levemente convexo, principalmente nos machos adultos, cara de comprimento médio, chanfro em arco aberto (transversalmente).
Pescoço	Curto e forte, arredondado no bordo superior, sem papada.
Corpo	Comprido, largo e musculoso, com conformação carniceira. Paletas carnudas, bem afastadas, dando origem a uma cernelha larga e em linha com o dorso. Peito largo, profundo e proeminente.
Membros	Comprimento médio. Ossos fortes, boas articulações e devem ter aprumos corretos.
Velo	Branco, de pouca extensão, pesando em média 4 kg nas fêmeas adultas e de 5 a 6 kg nos machos adultos.
Lã	O diâmetro médio das fibras de lã varia de 23 a 27 micrômetros

Fonte: Ana Brito / Rural Centro