(*) por Renato Roscoe e Renata Azambuja da Silva Miranda

Com o avanço do plantio do milho safrinha em boa parte do Centro-Oeste do Brasil, sempre surgem dúvidas quanto aos diversos aspectos ligados ao manejo da cultura. Com relação à nutrição das plantas, visto que a safrinha é uma cultura de risco, quanto investir em adubação? Qual a forma e época ideal de aplicação? Além disso, o que muda com espaçamentos de 50 cm entre fileiras ou com a antecipação do plantio?

Para o milho safrinha recomenda-se a escolham de áreas de boa fertilidade ou corrigidas, com teores de fósforo, potássio e micronutrientes entre adequados e altos. Nessas condições, não se esperam respostas positivas ao incremento da adubação com esses nutrientes. A adubação é de reposição, definida pela expectativa de produtividade e extração da cultura.

Com relação ao nitrogênio é que as dúvidas são mais frequentes. Em anos anteriores, os resultados da Fundação MS demonstravam que, após a soja, doses em torno de 30 a 40 kg de N ha-1 no sulco de plantio seriam suficientes para produções entre 80 e 100 sacos de milho ha-1. Ou seja, dos 120 a 150 kg de N extraídos pela cultura, aproximadamente 100 kg ha-1 viriam dos restos culturais da soja e da matéria orgânica do solo, sendo o restante colocado como fertilizantes.

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Mais recentemente, com a tendência de antecipação do plantio e híbridos de milho de alto investimento, novos patamares de resposta podem ser esperados em relação ao nitrogênio. Nessas condições, a produtividade pode subir para 120 ou 130 sacos ha-1, exigindo a complementação das adubações. A tendência de redução do espaçamento de 90 para 50 cm permite aumentar a dose de N na base sem colocar em risco a germinação por efeito salino, pois a quantidade de adubo por metro linear diminui para uma mesma dose de N em kg ha-1. Porém, a operacionalidade do plantio pode ser prejudicada pela necessidade constante de reabastecimento das caixas de adubo.

A adubação de cobertura do milho surge como uma alternativa, sendo recomendada entre os estágios de V2 e V3, para que a planta tenha N disponível na fase de definição de seu potencial produtivo, que ocorre até V6 ou V8. A dose deve variar com a expectativa de produtividade. Por exemplo, para uma expectativa de 120 sacos ha-1, seriam necessários mais 40 kg de N ha-1 em cobertura.

A fonte e as condições de aplicação de adubo são de fundamental importância. A ureia tem alta susceptibilidade à volatilização quando há umidade no solo e elevadas temperaturas, sendo recomendada a sua utilização a lanço somente quando se tiver previsões de chuva. Para se evitar perdas, deve-se dar preferência para fontes contendo sulfato de amônio, formas nítricas ou ureias protegidas.

O milho safrinha com plantio antecipado tem um menor risco climático e pode aumentar os patamares de produtividade. As estratégias de manejo da adubação nitrogenada devem ser revisadas a fim de se adaptarem a essa nova realidade. Além disso, outros elementos exigirão uma reflexão na tomada de decisão do produtor rural, tais como os conceitos de adubação de sistemas, a fixação biológica de nitrogênio e o consórcio com forrageiras. Entretanto, esses serão assuntos que discutiremos em outra oportunidade em nossa coluna. Até breve! 

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Milho safrinha
Foto: Thaiany Regina / Rural Centro

(*) Renato Roscoe é engenheiro agrônomo (UFV, 2005), mestre em ciência do solo (UFLA, 1997) e doutor em environmental sciences (Wageningen University And Research Centre, 2002). Atua como diretor executivo e pesquisador no setor Fertilidade do Solo na Fundação MS.

Renata Miranda é engenheira agrônoma (UFGD, 2009), pós-graduada em aperfeiçoamento em andamento em aluno especial de mestrado (UFGD, 2011) e é pesquisadora do setor Fertilidade do Solo da Fundação MS.



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