(*) por Osvaldo Piccinin

Seguuuuura peão! Quem já não ouviu esta frase que se tornou tão corriqueira entre nós, especialmente nos últimos anos? A montaria em animais xucros sempre existiu entre os homens desde os mais remotos tempos. Assim como outros esportes radicais, praticados mundo afora, o rodeio se profissionalizou nas Américas  e se tornou um esporte milionário, onde, além de muita adrenalina, corre muito dinheiro.

Os peões de rodeios, em sua maioria, são  de origem humilde, ou pelo menos eram. São filhos de pequenos produtores rurais ou filhos de trabalhadores rurais. Eles têm como principal objetivo se tornarem famosos, reconhecidos pelo seu público e gozarem de bom status financeiro.

Como em toda profissão, nem todos conseguem este intuito. Pelas estatísticas, no máximo dez por cento conseguem entrar para a galeria dos famosos e obterem a recompensa tão almejada.

Dias passados, fui assistir a um desses eventos e fiquei impressionado com a garra, a coragem e ousadia desses jovens. Para mim, o chão dos picadeiros deveria ser coberto por areia ou palha de arroz e não submeter animais e peões a um terreno de chão batido, duro como uma pedra. Dependendo da posição da queda ou da altura do tombo, que pode chegar a três ou quatro metros, o cara já sai todo arrebentado.

Se der azar e levar um coice, uma chifrada ou ser pisoteado, poderá encerrar sua carreira ali mesmo, pois um animal que pesa acima de quinhentos quilos tem uma força descomunal. O animal tem  o peão como seu principal inimigo naquele momento e não está ali para brincadeira. Se eu tivesse um filho peão, juro que jamais assistiria sua montaria. É de arrepiar até os pelos do dedão do pé!

Hoje em dia, são vários os circuitos exibidos no Brasil e mundo afora. O perfil dos peões também tem mudado. Temos em seus quadros jovens de origem humilde, da classe média alta e rica também. O esporte se profissionalizou de tal maneira que existem empresas especializadas em treinar animais a serem cada vez mais valentes e indomáveis – verdadeiras feras, valendo verdadeira fortuna!

Oito segundos no lombo de um animal pulando, considerado como tempo mínimo para o peão ser classificado, parecem uma eternidade! Sinceramente, às vezes fico confuso, se devo torcer pelo animal ou pelo peão, pois ambos são dignos de nosso respeito; cada qual tentando dar o melhor de si, mas ambos submetidos a um nível máximo de estresse, com adrenalina até às pontas dos cabelos.

Nossa Senhora da Aparecida é a protetora desses valentes profissionais e creio que até ela às vezes vira o rosto para as cenas que é obrigada a ver. Ela sabe que nem sempre poderá livrá-los do perigo, pois a coragem e o grau de valentia destes rapazes passam do ponto. Fico em dúvida se é coisa de pessoa normal ou de doido!

Não é difícil encontrar vários desses profissionais com cicatrizes e pinos de platina pelo corpo. E o mais intrigante é que exibem tudo isso com orgulho! Parecem ser estas marcas um diferencial relevante que os posiciona como seres raros no reino dos humanos; apesar de serem, em sua maioria, possuidores de extrema humildade.

Jovens peões: rendo-lhes minha homenagem, pois se bem pensarmos chegaremos à conclusão que todos somos um pouco peões neste mundo. Se não aprendermos a corcovear e tourear os desafios dessa vida logo cedo, os tombos serão inevitáveis e muitas vezes fatais. Seremos coiceados e principalmente pisoteados nos “rodeios” impiedosos impostos pelos mais fortes. O mundo não perdoa os fracos! “Muitas coisas na vida não podem ser explicadas, somente presenciadas”. Seguuuuuuura peão!

E VIVA OS PEÕS DO BRASIL!

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(*) Osvaldo Piccinin é engenheiro agrônomo formado pela ESALQ e sócio-fundador da Agro Amazônia.



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