Pescar lambari, armar arapuca, cantigas de roda, tomar banho de rio, pau de sebo, bolinhas de gude e outras brincadeiras que fizeram parte da infância do autor são destaque da crônica

Brincadeira de criança

(*) por Osvaldo Piccinin

Como eram puras e simples as brincadeiras da minha infância! Quem teve o privilégio de morar na roça ou no interior sabe do que estou falando. Das brincadeiras de pique às cantigas de roda, passando pela cobra cega, rodar arco, puxar caminhãozinho de lata carregado de sabugos, armar arapuca, caçar de estilingue, jogar birosca com bolinhas de gude coloridas, rodar peão, empinar papagaio ou pipa, tomar banho de rio, pescar lambari de peneira, caçar com espingarda “pica-pau”, brincar de casinha com as primas, amarelinha, passar anel, garrafão, cinco Marias, queima, betz, esconde-esconde e tantas outras.

Eram infindáveis as opções que tínhamos. Hoje não vejo mais as crianças se divertindo com a mesma pureza e intensidade daquele tempo. O tal computador, televisão e outros eletrônicos roubaram a alma da ingenuidade infantil. As crianças hoje são mais adultas, ocupadas, estressadas, egoístas e até mais desconfiadas.

Também pudera, são tantas facilidades para acessarem o mundo cibernético que pouco estão se lixando com o que acontece ao seu redor. Culpa delas? Não, afinal, se existe alguém culpado nesta história, além do galopante progresso, são os próprios pais, que não sabem dosar as horas em frente a toda esta parafernália.

A evolução tecnológica veio para ficar e romper barreiras antes inimagináveis. Tenho procurado me esforçar muito para acompanhar este progresso, mas confesso que não tenho conseguido. Quando estou começando a entender uma coisa, vem uma nova onda no mercado e outro produto lançado. Aí então desisto. Por mim, estaria ainda ouvindo músicas no toca discos de vinil.

Na roça era comum os moleques mais velhos passarem trotes nos mais novos. Os primos se divertiam ao esconderem nossas roupas, enquanto tomávamos banho no rio completamente nus. Achavam graça nos verem chegando à colônia encolhidos e com as mãos entre as pernas morrendo de vergonha.

O que dizer da subida no pau de sebo? Quase morríamos de cansaço para tentar pegar míseros trocados amarrado na ponta do mastro.

“Velhos tempos, belos dias”... Muitos destes amigos já partiram, outros estão tão velhos que nem se lembram mais da rica infância do nosso interior. É como diz o poeta Mario Quintana: “Com o tempo não vamos ficando sozinhos apenas pelos que se foram: vamos ficando sozinhos uns dos outros”.

E VIVA A PÁTRIA!

+ Leia também a crônica Velha Porteira, por Osvaldo Piccinin

 

Osvaldo Piccinin Crônicas

 

(*) Osvaldo Piccinin é engenheiro agrônomo formado pela ESALQ e sócio-fundador da Agro Amazônia.

Foto: Thaiany Regina / Rural Centro



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