Rural Centro Responde: Mortalidade das Abelhas

13 Jul 2011

Rural Centro Responde: Especial Twitter

Pergunta enviada pelo seguidor @Cesaurio
 
Primeiramente é importante esclarecer que existem duas situações de crise de mortalidade das abelhas ao redor do mundo.  Uma afeta Estados Unidos e Europa desde meados de 2006 e por enquanto ainda não tem explicação definida. Já no Brasil, os principais casos registrados - especialmente nos anos de 2009 e 2010 - se concentram  nos estados de São Paulo e Santa Catarina e tem origem em deficiências de práticas básicas, que vão do manejo ao controle da aplicação de defensivos agrícolas. 
 
É o que relata o presidente da Federação de Apicultura e Meliponicultura do Mato Grosso do Sul, Gustavo Nadeu Bijos. De acordo com ele, nos Estados Unidos a  aplicação em larga escala de agrotóxicos sem o devido controle baixou a imunidade das abelhas americanas. Os enxames da região, predominantemente de matriz europeia, são por natureza mais sucetíveis a doenças, o que pode ter facilitado a proliferação de fatores patogênicos.
 
No Brasil, as abelhas são africanizadas e possuem maior resistência. Ainda assim, situação de mortalidade similar vem acontecendo em São Paulo. “No Estado, os produtores têm o costume de aplicar defensivos por meio de avião, principalmente nas lavouras de laranja e cana”, relata Bijos. “Nesses casos, o produtor precisa ter o cuidado de não realizar a aplicação em horário que as abelhas estão fazendo o forrageamento”. Mais do que isso, Bijos lembra que não se deve nunca utilizar os produtos durante a época de florada para evitar a morte e contaminação da colmeia.
 
Cidade das Abelhas

 
Em Santa Catarina a morte das abelhas e abandonos de colmeias estavam prejudicando tanto a produtividade local que foi criada uma comissão para estudo da mortalidade do inseto. O grupo, composto por profissionais da Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural), da UFSC e de uma série de entidades privadas, chegou à conclusão que não é apenas um, mas vários os fatores que levam aos problemas supracitados. É o que conta Walter Miguel, médico veterinário e chefe da Epagri / Cidade das Abelhas – unidade especializada em extensão apícola.
 
“A primeira questão é o manejo. Enquanto no exterior isso é uma questão básica, que já tem um empreendimento tecnológico muito maior, hoje ainda é um problema nos apiários brasileiros”, relata o pesquisador. “A segunda questão é sanitária. A introdução de novos enxames ou de material contaminado fez proliferar uma série de doenças que não tinhamos costume de tratar”, esclarece. A mais comum delas – uma espécie de diarreia das abelhas - era causada pelo protozoário Nosema apis. Atualmente, o Nosema ceranae é o transmissor da doença, que é muito mais patogênica e com sintomas diferenciados. É aqui também que se encaixam os problemas com herbicidas e defensivos citados por Gustavo Bijos.
 
Por fim, o último problema identificado pela comissão catarinense foi a deficiência de alimentação natural para as abelhas. “Com as práticas constantes de diminuição da flora nativa e implentação de monocultura de eucalipto e outras florestas, os enxames possuem menos opções de florada”, afirma Walter Miguel. Assim, a união de todos os fatores podem ser os responsáveis por fazer a rainha levantar vôo e levar os enxames a abandonarem colmeias inteiras, mesmo que estejam cheias de larvas.
 
Cuidados

 
Para minimizar problemas com mortalidade e abandono de colmeia existe uma série de procedimentos que o apicultor pode realizar. Além de se preocupar com o momento certo para a aplicação dos defensivos agrícolas, Gustavo Bijos destaca que há pequenos cuidados que podem ser realizados. Principalmente nesse período de inverno é importante diminuir os espaços internos da colmeia, para que as abelhas não se aglomerem. A longo prazo, a troca de rainhas de uma colmeia mais resistente para outra ajuda no melhoramento genético do enxame.
 
Por sua vez, Walter Miguel, da Cidade das Abelhas, destaca que é importante não instalar caixas em locais altos e descampados, evitar exposição ao vento frio, reduzir a entrada, expor as colméias ao sol e vedar as frestas das caixas. Aquecimento do ninho e suplementação alimentar também são medidas indicadas.
 
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Fonte: Andriolli Costa / Rural Centro



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