História da Raça: Cavalo Crioulo

22 Jul 2011

Foi em 1493. Era a segunda viagem de Cristovão Colombo às Américas, na ilha de Santo Domingo, e dessa vez com outro objetivo: iniciar a colonização. Para isso, de acordo com as cartas da coroa europeia, os navios zarparam não apenas com homens e armas, mas também com uma tropa de 25 a 30 ginetes que fincaram os cascos pela primeira vez em terras americanas. São animais dessa ascendência que hoje, séculos depois, se tornaram os cavalos crioulos.

Entre os animais europeus e os que transitam entre leilões e competições de alto nível em todo o país existe grande diferença. Para o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Crioulo, Manoel Luís Sarmento, o animal é atualmente um “diamante lapidado pelo homem”. Ele esclarece: “Se naquela época o cruzamento era apenas natural, hoje o nosso trabalho é selecionar somente os melhores animais, privilegiando características como índole, temperamento, beleza e especialmente funcionalidade”.


O cavalo crioulo é, de fato, bastante valorizado pela sua versatilidade. O desenvolvimento natural da raça - forjada pela necessidade de suportar as intempéries do tempo, o predadorismo de outros animais e mesmo do próprio homem – aliado ao melhoramento genético - fez o cavalo crioulo se tornar uma raça adimirada por diversos criadores. Atualmente, são 30.657 proprietários desses animais espalhados por todo o País. De acordo com Manoel Sarmento, a estimativa é de um aumento de 20% nesse número a cada ano que passa.

Histórico
Levantamento histórico da ABCCC aponta que os cavalos de cuja genética descendem os crioulos são ambos de origem ibérica; o andaluz e o rocine. Estes animais eram conhecidos pela valentia e pela resistência – características que os levaram a serem os escolhidos pelos espanhois para atravessar o oceano.

Ainda que com o tempo os animais tenham se espalhado e vivido em estado selvagem, não é em toda América que suas características foram preservadas. Nos Estados Unidos e México, os animais acabaram desaparecendo devido às constantes batalhas militares e cruzamento com outras raças. Já na Colômbia e Venezuela, as altas temperaturas, a alimentação e a geografia local alteraram em muito a aparência e a estatura dos cavalos.

Foi na região sul das Américas, pegando uma parte do Brasil, Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai, que o crioulo teve condições propícias para desenvolvimento, chamando atenção dos criadores da região. Apenas no século XX o animal teve reconhecimento mundial, com a criação das primeiras associações e o início do melhoramento genético e sucesso nas provas esportivas.

Freio de Ouro
“Eu não gosto de comparar as raças, mas se for para descrever um diferencial para o crioulo, eu diria que é a sua multifuncionalidade”, afirma Manoel Sarmento. Rústico, resistente, equilibrado, o crioulo se destaca em diversas provas e competições esportivas – desde o enduro até o atrelamento, uma das mais recentes instituídas - ocupando sempre os primeiros lugares no ranking.

Mais do que uma simples competição, eventos como esse são considerados pelos criadores como ferramentas de melhoramento genético. Os vencedores são apontados como animais versáteis e eficientes em cada uma das capacidades exigidas e tem sua genética valorizada e comercializada para disseminar características desejáveis para todos os criadores.

O maior e mais importante evento nesse sentido é, sem dúvida alguma, o Freio de Ouro, que chega este ano a sua 30ª edição. A disputa acontece entre 24 e 28 de agosto, durante a Expointer 2011, mas meses antes os participantes já se preparam durante as 12 etapas classificatórias anteriores.

Nesta, que é considerada a mais completa avaliação da categoria, o julgamento não é apenas morfológico – isto é, julgando a beleza e estética do cavalo – mas também funcional. O vencedor de todas as provas é o corcel que vai receber o título de Freio de Ouro, ostentado atualmente pelo cavalo Pampa de São Padro e a égua Alcalina 441 Maufer.

Mercado
Manoel Sarmento, da ABCCC comemora os bons resultados alcançados pelos crioulos. De acordo com ele, levantamento da associação mostra que se em 1990 as negociações envolvendo o cavalo resultaram em um retorno de R$ 10 milhões, vinte anos depois – em 2010 – os números totalizaram R$ 100 milhões. Valor este que tem tudo para ser superado este ano.

“Só para você ter uma ideia, durante a Expointer passada, a maior feira do gênero da América Latina, foram obtidos R$ 14 milhões em comercialização, entre vendas e leilões de todo tipo de animal”, relata Sarmento. “No entanto, mais de R$ 10 milhões foram resultados da venda de cavalos crioulos”. O valor dos animais num leilão pode variar, mas a média estipulada pelo presidente da ABCCC vai de um mínimo de R$ 15 mil até R$ 40 mil.

Fonte: Andriolli Costa / Rural Centro



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