Monopólio dos frigoríficos: Acrissul lança movimento e mobiliza produtores

15 May 2012

Esta noite de segunda-feira (14) marcou o lançamento do Movimento Nacional contra o Monopólio dos Frigoríficos, liderado pela Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul). O Tattersal de Elite da Associação, localizado no Parque de Exposições Laucídio Coelho, estava tomado por pecuaristas, profissionais da área e presidentes de entidades representantes dos produtores. Mais do que a concentração de frigoríficos, o evento foi construído em cima de discursos contra o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o próprio frigorífico JBS e a constante pressão que a cadeia produtiva da carne sofre com insegurança jurídica sobre trabalho escravo, demarcações de terras indígenas e a sustentabilidade ambiental da atividade pecuária.

Vejas abaixo as principais opiniões das lideranças rurais presentes no evento contra o monopólio dos frigoríficos

Cesário Ramalho Eduardo Riedel Chico Maia Luiz Antônio Nabhan Garcia
Guilherme Prata Zé Teixeira Luiz Henrique Mandetta Waldemir Moka
Giovanni Queiroz Tereza Cristina  Gilson Pinesso O que ficou resolvido?

Cesário Ramalho, presidente da SRB, a Sociedade Rural Brasileira
Segundo ele, o pecuarista deve privilegiar as indústrias de menor porte e evitar o confronto com frigoríficos, pois raramente este confronto leva a um ponto em comum. Vide a demora para finalmente ser votado o código florestal, cujas discussões foram em cima de uma disputa entre ruralistas e ambientalistas. “Esse confronto tem que ser de idéias, de pensamentos, feito de forma positiva. O Brasil é um país que evoluiu rapidamente e que precisar modernizar as suas leis em todos os segmentos. Acredito que o ajuste da legislação é uma coisa natural”, opinou Cesário. Além disso, o presidente de SRB deu total apoio ao presidente da Acrissul, Chico Maia, afirmando que o monopólio não desrespeita somente o pecuarista, mas a sociedade brasileira. “O Brasil vive no século XXI e talvez tenha leis do século XIX. É antiético o que os frigoríficos estão fazendo e por isso devemos debater não somente uma questão pontual, mas sim a cadeia da carne (de aves, bovina e suína) como um todo”, completou Ramalho.

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Eduardo Riedel, presidente da Famasul e do Conselho Deliberativo do Sebrae/MS
Riedel disse que a Famasul está estudando o impacto da evolução do JBS na formação do preço da arroba e fez coro com Cesário Ramalho afirmando que a discussão passa pela cadeia produtiva da carne, aprendendo com outras, como fizeram os produtores de laranja do interior paulista ao se associarem para conseguir preços mínimos. “Nós temos que ocupar o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento com boas ideias, boas articulações políticas e perguntar também por que estamos perdendo mercados importantes, como a Europa e o Irã”, questionou Riedel.

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Chico Maia, presidente da Acrissul
“Se o (presidente dos EUA, Barack) Obama estivesse aqui hoje ela diria: ‘Sim, nós podemos’”. Descontraindo antes de entrar no assunto sério do monopólio, o pecuarista e presidente da Acrissul Chico Maia foi quem levantou a bandeira para acabar com a concentração dos abates. Com o recinto repleto de produtores e uma bancada formada por diversas autoridades, Maia reforçou que a cadeia produtiva está bem representada pelas lideranças, tanto na Câmara dos Deputados Federais quanto no Senado.

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Luiz Antônio Nabhan Garcia, presidente da UDR (União Democrática Ruralista)
Nabhan questionou como o BNDES pode incentivar uma indústria a abrir plantas frigoríficas em países comercialmente concorrentes do Brasil, como o JBS abrir plantas nos Estados Unidos. “Está acontecendo a maior estatização da carne que já vimos. [...] E tem muitos governos e entidades caladas, assistindo inertes a maior derrocada da pecuária nacional”, exaltou-se Nabhan, cobrando esforço das lideranças políticas. “Porque governo é que nem feijão, só funciona na pressão”, comparou Nabhan.

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Guilherme Prata, vice-presidente da UDR
Prata usou outra metáfora para construir a imagem que os pecuaristas têm do monopólio de frigoríficos. “Nós, pecuaristas, estamos em um avião. O avião é do governo e na cabine está o JBS, despressurizando o avião e fazendo looping. Mas quem bota ‘querosene’ nesse avião somos nós. Não dá pra esperar o governo fazer alguma coisa porque o avião é deles. Já viu dono de avião querer que sua aeronave caia? Então temos que parar de encher o tanque deles senão o pecuarista vai morrer. Temos que prestigiar as indústrias de pequeno e médio morte. Evitar mandar abater todo o gado no JBS”, recomendou Prata.

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José Teixeira, deputado federal pelo DEM/MS
“A cadeia da carne é difícil de entender porque boi é uma coisa e carne é outra”, disse o deputado. Segundo ele, as ações devem ser imediatas e proteger o produtor rural, pois “se o campo acabar, a cidade morre”.

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Luiz Henrique Mandetta, deputado federal pelo DEM/MS
O deputado disse que outrora os pecuaristas vibravam com a entrada do JBS no estado e até quando comprou a Swift e foi para os EUA. “Nos orgulhávamos da ousadia do empresariado brasileiro. Agora apontamos o dedo e acusamos: é esse o culpado. Mas será que é mesmo?”, indagou. Segundo Mandetta, o governo é o principal culpado pelo crescimento dos frigoríficos. “Se a presidente Dilma não sabe (do incentivo exagerado do financiamento do BNDES ao JBS), é mal assessorada”, opinou o deputado federal.

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Waldemir Moka, senador pelo PMBD/MS
O senador diz que já articulou com Acir Gurgacz, presidente da Comissão de Agricultura no Senado, uma audiência no CADE nesta terça-feira (15) para examinar o procedimento das aquisições de frigoríficos pelo abuso do poder econômico com dinheiro público. “E quem está pedindo isso? Esse encontro aqui em Campo Grande”, ressaltou Moka.

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Giovanni Queiroz, deputado federal pelo PDT/PA
Queiroz lembrou todas as lutas pelas quais os produtores rurais passam hoje: demarcações indígenas, pressão ambiental pelo código florestal e, agora, a mais recente: monopólio dos frigoríficos. “O Pará exporta 90% do boi em pé do Brasil e agora o JBS (dono de 50% dos frigoríficos em atividade no PA) quer imposto de 30% sobre a exportação de gado”, informou Queiroz. O deputado estranhou a aquisição da construtora Delta pela holding JBS, que tem mais de 30% de ações compradas pelo BNDES, já que a empresa tem 18% dos contratos de obras o PAC (Plano de Aceleração do Crescimento), que é  também financiado pelo BNDES. “Quer dizer, o dinheiro vai pras obras do PAC via BNDES e vai pro JBS que é do BNDES”, indignou-se Queiroz. O deputado firmou compromisso e disse que, como vice-presidente dos assuntos da Comissão de Agricultura da Região Norte, irá levantar a discussão sobre o monopólio das indústrias frigoríficas.

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Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias, Secretária de Estado do Desenvolvimento Agrário, da Produção, da Indústria, do Comércio e do Turismo de Mato Grosso do Sul
A secretária pediu a criação de uma agência reguladora da cadeia produtiva de carne. “Assim como temos agências que regulam a distribuição de água e de energia, a cadeia da carne também precisa. Esse é o meu pedido para os parlamentares”, disse Tereza Cristina.

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Gilson Pinesso, empresário rural e diretor do Grupo Pinesso
“O evento foi bom. Agora temos que partir para as ações concretas. Os produtores têm que se organizar e começar a entender a comercialização e o processamento da carne. Estiveram aqui hoje grandes pecuaristas e acredito que podemos criar uma cooperativa de abates. Temos condição e volume e vamos agora buscar os caminhos para isso”, disse Pinesso.

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Ações

As definições após ser lançado o Movimento Nacional contra o Monopólio dos Frigoríficos foram:

- A redação da Carta Campo Grande, entregue aos presidentes de cada entidade representante dos pecuaristas e também aos deputados federais, estaduais e senadores. A carta foi lida na íntegra pelo vice-presidente da Acrissul, Jonathan Barbosa, pedindo que o legislativo leve em consideração alguns pontos principais, como o impedimento à cobrança de impostos sobre a exportação de gado vivo.

     - leia a Carta Campo Grande na íntegra

- A audiência da Comissão de Agricultura do Senado no CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para questionar a aquisição de frigoríficos para depois fechá-los.

- Dia 9 de julho, em Cuiabá, a Acrimat deverá realizar um evento similar ao desta segunda-feira para reunir os pecuaristas também do Mato Grosso.

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Fonte: José Luiz Alves Neto / Rural Centro



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