Especialistas avaliam riscos ao agronegócio brasileiro

05 Sep 2014

A financeirização do agronegócio e as mudanças macroeconômicas e estruturais no setor agroalimentar impõem novos desafios a gestores públicos e produtores, organismos de cooperação. Os dois temas compõem, ao lado de outros 34 capítulos, o livro O Mundo rural no Brasil do Século XXI, editado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Instituto de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp), com patrocínio do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA). A publicação analisa como as transformações pelas quais a economia e a sociedade brasileira passaram nas última décadas impactam o setor no Brasil e que obstáculos o país deve ultrapassar para manter as conquistas alcançadas.

No capítulo Cooperativas brasileiras nos mercados agroalimentares contemporâneos: limites e perspectivas, o pós-doutorando em Economia da UnB, Andrei Cechin, demonstra como a presença das cooperativas impacta positivamente a renda dos associados e o desenvolvimento da regiões onde atuam. No entanto, os ajustes macroeconômicos promovidos no país a partir dos anos 1990 impuseram dificuldades ao cooperativismo brasileiro. Cechin cita estudos que comprovam, por exemplo, redução na participação das cooperativas no total da produção no estado de São Paulo. “Foi mostrado que os princípios cooperativistas tradicionais implicam em dificuldade de capitalização, o que pode frear investimentos cruciais e podem resultar em falha na ação coletiva”, alerta o artigo. O cooperativismo segue uma série de princípios, como a adesão voluntária dos associados, a gestão democrática das organizações e a promoção da educação e formação de seus membros.

Atento à questão das cooperativas, o governo anunciou, em julho, que realizará um congresso para reavaliar a aplicação dos princípios do setor no Brasil. O secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo, Caio Rocha, afirmou em entrevista ao IICA que a união de produtores rurais contribui para organizar a produção e elevar a renda no campo, ao reduzir os custos de produção, por exemplo”.
Financeirização afeta negativamente a taxa de inovação

O professor da Faculdade de Agronomia e Veterinária da Universidade de Brasília (UnB), Luiz Carlos Brito de Lourenço e o sociólogo  e docente da mesma universidade Moisés Villamil Balestro avaliam como a lógica da geração de valor ao acionista se traduz em menor atratividade do investimento produtivo ao direcionar recursos para papéis financeiros. Segundo os professores, isso afeta negativamente a taxa da inovação. A avaliação consta do artigo Notas para uma análise da financeirização no agronegócio: mais além da volatilidade dos preços das commodities. Segundo os professores, esse fator afeta negativamente a taxa da inovação. “A liquidez do mercado de ações incentivou uma visão de curto prazo no âmbito das corporações”, afirmam os autores.

Fonte: IICA



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