História da Raça: Caprinos Boer

23 Nov 2011

A História da Raça desta semana dá destaque à caprinocultura e conta as características da raça Boer, um animal altamente rentável cuja carne é caracterizada pelo baixo teor de gordura e pelo excelente sabor.

O Boer é um animal de porte médio, com cabeça forte, pelos brancos, com a cabeça, orelha e cauda da cor vermelha. São muito resistentes e adaptáveis a vários climas.

Caprino da Raça BoerOutra importante característica é sobre a gestação do caprino Boer, cuja possibilidade de partos duplos é muito grande, levando a gestação a uma média de 148 a 149 dias.

O peso vivo de 38 a 43 kg e 25 kg de carcaça é considerado o melhor peso de comercialização para caprinos jovens, geralmente entre cinco e nove meses, quando apresentam carne saborosa, macia e atrativa em comparação com animais velhos, cuja carne é dura e de sabor desagradável.

Como o animal é abatido precocemente, não é recomendada a castração dos machos.

Dados da Cabanha Monte Altos mostram que o preço do kg de carcaça varia significativamente de região para região, sendo que no sul se pratica preços de R$ 15 a 20 para venda direta ao consumidor. Na venda a intermediários, os preços oscilam entre R$ 6 e 9 pelo kg de carcaça.

No rebanho de caprinos Boer normalmente são utilizados 2 machos para cada 100 fêmeas, sendo feitas duas estações de monta, cada uma com 25 matrizes por macho mais quem falhou na estação anterior (uma chance antes do descarte da matriz).

Existem, comercialmente, cinco tipos de caprinos Boer: Boer comum, Boer de pelo longo, Boer mocho, Boer nativo e Boer melhorado. Veja as principais características de cada um:
 

Boer comum Animal de pelagem curta encontrado predominantemente entre os fazendeiros de origem européia. Apresenta boa conformação, crescimento rápido e uniforme. As cores comumente encontradas são a malhada de cinza, marrom escuro, branco e, ocasionalmente, pescoço e cabeça vermelhos. 
Boer de pelo longo E o tipo menos desejável. Apresenta  grande cobertura de pelos, amadurece tardiamente e produz carne de qualidade inferior. A pele e desvalorizada devido à presença dos pelos longos. 
Boer mocho Apresenta pelagem curta, sem chifres e com conformação não desejável. Teve origem em cruzamentos do  Boer comum com tipos leiteiros. 
Boer nativo Apresenta pernas longas, conformação fraca e uma variedade muito grande de cores, de acordo com  a escolha da tribo que o cria. São animais pouco selecionados.
Boer melhorado Apresenta boa conformação, rápido crescimento dos cabritos, alta fertilidade, uniformidade de pelagem, rusticidade e boa adaptabilidade, diferenciando do Boer comum pela pelagem uniforme e melhor conformação. Este é o tipo desejável de caprino Boer.

 

Paulo Werle, administrador da Cabanha Montes Altos, dá importantes dicas para quem quer iniciar nesta atividade:

Para utilizar a raça Boer na produção de carne o criador tem que utilizar machos puros desta raça e cruzá-los com cabras comuns, sendo os cabritos nascidos deste cruzamento destinados ao abate.

A infraestrutura mais importante é sem dúvida a pastagem. Para o período de baixa produtividade da pastagem (inverno no sul ou estação seca no centro e norte/nordeste) é importante ter alguma reserva alimentar.

Na Cabanha Montes Altos é utilizada a silagem de milho para esta função além de uma boa reserva de alimentação sob forma de árvores de Leucena, cujas folhas e galhos finos constituem um excelente alimento para os cabritos e com bom teor de proteína.

A segunda infraestrutura é uma área de manejo, no sul recomenda-se que seja coberta, mais ao norte dependerá das condições climáticas.

É interessante ao produtor optar ou pesquisar a terminação dos cabritos em semiconfinamento. Já a produção de cabritoFoto Caprino Boers de corte com as matrizes e os cabritos totalmente confinados só traz retorno econômico se a comercialização da carne for feita diretamente pelo produtor ao consumidor final (utilizando algum abatedouro municipal ou semelhante).

De qualquer forma, a produção a pasto, em consórcio com bovinos, é a opção de menor custo e com melhor lucratividade, seguramente.

Neste caso, como os caprinos preferem as plantas arbustivas às gramíneas, há pouca competição alimentar com os bovinos, havendo inclusive uma melhora na produtividade dos bovinos pelo fato de os caprinos comerem as folhas dos arbustos que pela sua sombra normalmente prejudicam a produção das gramíneas.

Além disto, há a redução dos custos com as roçadas das pastagens que sempre são necessárias na produção de bovinos a pasto.

O cuidado veterinário primordial é a vacinação com uma das vacinas múltiplas que protegem contra nove das principais doenças que afetam estes animais. É muito importante também que o criador encontre algum veterinário na sua região que conheça e de preferência que goste de pequenos ruminantes.

Outra medida essencial é cuidar para evitar a incidência de coccidiose, que ataca os cabritos especialmente quando confinados, doença que é propagada pelo contato entre as fezes dos animais com os alimentos ou a água.

Paulo aconselha ao produtor para que verifique qual o potencial de alimentos com custo baixo, pastagens na sua forma mais simples, mas eventualmente resíduos de algum processo industrial (cevada de cervejaria ou polpa cítrica) que pode ser disponibilizado.

Depois dimensione o seu rebanho de acordo. Crie algum tipo de reserva (feno, silagem, área com leguminosas arbóreas tipo Leucena ou Bracatinga, ou qualquer outro alimento que possa ser rapidamente disponibilizado) para cobrir as situações de falta de alimentos. Com isto 80% dos seus problemas estarão resolvidos.


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Fonte: Ana Brito / Rural Centro



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