Mulheres no Campo: Família Felício

14 Apr 2012

A Série Mulheres no Campo deste domingo traz uma entrevista em dose dupla: Maria Estela e Ana Paula Felício.

Ambas cuidam e administram, juntamente com o patriarca da família, o advogado e produtor rural, ex-secretário estadual de Produção e do Turismo e ex-superintendente federal de Agricultura de MS, José Antônio Felício, as propriedades da família, as Fazendas Baiazinha, em Miranda e São José em Bonito, Estado do Mato Grosso do Sul, que se dedicam a pecuária de corte, fornecendo toque feminino e trazendo sucesso à atividade. 

Maria Estela, esposa do senhor José, se dedica à parte administrativa da Fazenda, enquanto a filha Ana Paula,  zootecnista, cuida dos animais.

Rural Centro - Trabalhar com a família prejudica ou ajuda? Como conciliar os laços familiares com os problemas diários da Fazenda?

Família, Felício, FazendaAna Paula - Logo que me formei e voltei à origem foi bastante difícil, pois tinha uma visão diferente da do meu pai sobre alguns aspectos de ordem técnica e administrativa na gestão das fazendas e também carregava comigo inexperiência e orgulho.  As nossas divergências normalmente geravam discussões fervorosas e, nestes momentos, minha mãe tinha um papel fundamental que era conciliar a situação.

Percebi com o tempo que meu pai tentava me ensinar, a sua maneira, a prática diária de se gerir uma propriedade e o que fizemos foi respeitar nossas opiniões e encontrar uma solução conjunta para os problemas que tínhamos em mãos.

Hoje acredito que trabalhar com a família ajuda, porém não é tarefa fácil, porque nós três temos atividades profissionais paralelas e a hora de resolver os problemas é a hora em que estamos juntos.

Maria Estela - Trabalhar com a família ajuda, mas não é fácil e influencia muito na convivência diária. No entanto, nos respeitamos e enfrentamos juntos os desafios.

RC - Na visão de cada uma, como a mulher vem ocupando o agronegócio, ainda encontra dificuldades em ocupar um espaço tradicionalmente masculino?

Ana Paula - Acredito que nós mulheres já conquistamos o mercado de trabalho, é uma realidade que não tem mais volta. Temos representantes em vários setores do agronegócio, desde peonas até a presidente da Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária. É claro que ainda enfrentamos dificuldades, mas temos garra e coragem para conquistar ainda mais este espaço tradicionalmente ocupado por homens.

Maria Estela - Já houve uma melhora muito grande e nós estamos cada vez mais preparadas para atender este nicho de mercado.

RC - Quais foram as maiores dificuldades encontradas por cada uma no meio profissional durante estes anos e como foram superadas?

Ana Paula - Uma das minhas dificuldades foi em lidar com os trabalhadores das fazendas. Alguns me conheciam desde criança, então impor respeito foi difícil, mas no fim consegui mostrar que sou capaz e que vim pra ficar.

Maria Estela - O período mais difícil foi quando meu marido estava no governo e tivemos que assumir todas as dificuldades encontradas ao longo do caminho.

RC - O trabalho no campo e a vaidade feminina, como conciliar estes dois pontos? E como o perfeccionismo e a natureza detalhista da mulher podem ajudar no agronegócio?

Ana Paula - Não sou uma pessoa muito vaidosa e sim cuidadosa. Não saio sem filtro solar e quando estou no campo, uso camisa de manga cumprida (quando possível) e boné para me proteger do sol que está fortíssimo ultimamente. Não é porque estamos no campo que perdemos nossa feminilidade, toda mulher gosta de se sentir bem com o que usa.

Com o perfeccionismo feminino podemos incrementar a produção de maneira sustentável (produção bem estar animal X bem estar trabalhador x respeito ao meio ambiente).

Maria Estela - A mulher é vaidosa por natureza, e mesmo que trabalhemos no campo não perdemos nossa feminilidade. A sensibilidade da mulher ajuda na percepção de pontos que os homens às vezes ignoram.

RC - Qual a dica das duas para as mulheres que atuam no setor ou que querem atuar? Qual o conselho ideal?

Ana Paula - Ter força de vontade, perseverança e paciência para enfrentar os desafios que a vida e a profissão impõem.

Não há conselho ideal, porque cada um tem uma maneira de enxergar a vida e de enfrentar as dificuldades.

Maria Estela - A dica é ter muita paciência e objetividade para buscar o que se deseja. O conselho ideal é: nunca desista dos seus sonhos.

RC - E os desafios daqui pra frente? Qual a meta para 2012?

Ana Paula -  Trabalhar com a produção de commodities é um desafio diário que temos que enfrentar de peito aberto, pois estamos a mercê do mercado, das adversidades climáticas, das questões ambientais, trabalhistas, entre outras.

Nossas metas para 2012 são: fazer reformas de pastagens e aprimorar a comercialização dos touros da raça Guzerá que produzimos.

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Fonte: Ana Brito / Rural Centro



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