Palma forrageira é medida alternativa para enfrentamento dos efeitos da estiagem
03 Jun 2013
No interior do Ceará, sertão onde o tempo castiga milhares de pessoas e animais, os moradores do Assentamento Logradouro II, do município de Canindé, encontraram uma alternativa para enfrentar os efeitos da estiagem. Lá eles cultivam a palma forrageira para alimentar animais e também a si mesmos.
Uma forma de melhorar, ainda mais, a produção de palma, que começou há um ano, vai ser a utilização da retroescavadeira que o município recebeu do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). A ação faz parte da segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) e integra o conjunto de ações planejadas pelo governo federal para combater os efeitos da seca e melhorar as condições de convivência com o Semiárido.
O agricultor Francisco Antônio Sebastião Neto, 33 anos, vive no assentamento a mais de 20. Ele conta que está ansioso para ver a máquina começar a trabalhar e melhorar as condições de muita gente que vive na zona rural de Canindé. “Vai ser muito bom para gente. Juntando o trabalho da retro e a plantação de palma vamos diminuir muito os prejuízos da seca”, diz.
Suco, pastel, panqueca, salada e até sobremesas como mousse e sorvete é possível fazer utilizando o broto da palma forrageira. Iraci Amorim, técnica da Secretaria de Agricultura de Canindé, é quem ensina as receitas inovadoras para as 38 famílias de Logradouro II. “A palma traz muitos benefícios para o consumo humano. Ela é rica em dois nutrientes muito carentes na culinária nordestina. O ferro, que é bom para anemia, e a vitamina A, boa para a vista”, explica.
Iraci comenta que no preparo da comida o que se usa da palma é a parte interior do broto, que é o filho da palma adulta. “Ele é cheio de espinhos, por isso tem que tirar a casca e usar só a parte de dentro. A casca pode servir de alimento para os animais, porque os espinhos não os machucam”, observa.
Máquina
Para o presidente da Associação dos Assentados do Imóvel Logradouro II, Raimundo André de Souza, 61 anos, as novidades agradam. “A máquina vai ser boa porque vai nos ajudar a escoar a produção e abrir cacimbas. A palma a gente pensava que era só para alimentar os animais. Mas descobrimos que não, que também podemos comer e que, ainda por cima, fica gostoso, é bom demais”, comemora.
Raimundo mora no assentamento há 25 anos, ele conta que já sofreu muito com a seca e que aprender mais essa medida alternativa é uma alegria imensurável para ele e todos da comunidade. “A gente planta milho, feijão, mamona, melancia, cria uns animais, mas vem a seca e acaba com quase tudo. Tivemos que vender grande parte do nosso rebanho este ano, mas agora que estamos plantando a palma dá pra amenizar muito a situação”, afirma.
O secretário de Agricultura do município, Francisco Amâncio, afirma que a palma pode ajudar muitas comunidades sem condições de enfrentar os efeitos da seca. “A palma é resistente à seca e contribui com o desenvolvimento das regiões áridas e semiáridas. Ela pode ser usada na produção de medicamentos, conservação e recuperação de solos, cercas vivas e agora estamos vendo que, também, na alimentação humana”, destaca.
Conforme o secretário, a máquina retroescavadeira vai ser um grande apoio na plantação de palma. “A secretaria doou mais de três mil raquetes de palma para comunidades de Canindé. Com a máquina poderemos ajudá-las a melhorar sua produção”, ressalta.
Fonte: MDA