Sorgo Sacarino: Origem, finalidades e vantagens

04 Sep 2012

Originalmente o sorgo é a planta que produz grãos e forragem que servem para alimentar o gado. Entretanto, dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa – mostram que a atenção dos produtores está cada vez mais voltada a outro tipo de sorgo, o sacarino, e apontam um crescimento nos estudos para transformar o sorgo em bioetanol devido à crescente demanda por energia renovável e sustentabilidade.

Há 32 anos o sorgo sacarino fazia parte do Programa Nacional do Álcool – Proálcool – lançado pelo governo no ano de 1975 com o intuito – diga-se de passagem, com tema muito atual já naquela época – de tentar substituir parte dos combustíveis derivados do petróleo, colocando em evidência a ideia de sustentabilidade.

Mas o que a planta traz como diferencial? A resposta é óbvia e engloba vários temas ambientais, tendo por principal gancho a implementação de uma fonte complementar de matéria-prima para a produção de etanol em microdestilaria. Além disso, segundo estudos de pesquisadores da Embrapa, os colmos do sorgo sacarino podem ser processados na mesma instalação destinada à produção de etanol de cana-de-açúcar, o que proporciona uma quantidade de bagaço que vai gerar o vapor necessário para a operação industrial.

Esses mesmos estudos colocaram o sorgo sacarino em outro patamar, onde ele já pode ser considerado uma cultura complementar à cana-de-açúcar para produzir etanol. A base da afirmação mostra que os teores de açúcares redutores têm um valor próximo aos produzidos pela cana. Além disso, a colheita do sorgo sacarino pode ser feita na entressafra da cana-de-açúcar, tanto para aumentar o ritmo da indústria durante o período, quanto para auxiliar o corte da matéria-prima na maturação completa.

Energia renovável


Muito se fala a respeito dos aspectos que envolvem os cuidados com o meio ambiente, dentre eles, a intenção de produzir um tipo de combustível que seja sustentável. O sorgo sacarino é uma opção em estudo para atender a demanda mundial de combustível em substituição ao petróleo. Três características tornam a planta sustentável: produz bioetanol que é renovável e diminui a emissão de gases poluentes. Além disso, a produção do bioetanol em grande escala alavancaria a economia agrícola e o Brasil está em uma posição capaz de liderar a agricultura de energia e o mercado da bioenergia. É aí que entra a utilização do sorgo sacarino. Ao lado da cana-de-açúcar que já é responsável pela produção do etanol, o sorgo sacarino tem se mostrado uma excelente opção de cultura para tais fins.

Vantagens do sorgo sacarino


Além de toda sua utilidade no meio industrial e fonte de pesquisa de energia renovável, o sorgo sacarino traz uma terceira vertente: seus grãos também podem ser aproveitados na produção de alimentos destinados a propriedades rurais. A exemplo das vantagens podemos citar: o ciclo curto (período de quatro meses), cultura por plantio de sementes, colheita mecânica, colmos com bom rendimento de açúcares, o bagaço pode ser utilizado como fonte de energia, geração de eletricidade e produção de etanol de segunda, além do que já foi citado sobre nutrição animal. O sorgo sacarino traz inúmeras vantagens e finalidades. A produção de cana-de-açúcar apesar de ser apontada como capaz de suprir a demanda de etanol, funciona como via de mão dupla, pois também apresenta exigências climáticas que restringe seu cultivo em diversas regiões do país. Muitos estados brasileiros não produzem uma quantia de etanol suficiente para suprir a demanda interna, daí a importância de investir em uma nova fonte de biocombustível – o que permite a reciclagem da matéria na natureza ao passo em que supre a demanda que o mercado exige atualmente.


No Brasil a Embrapa Sorgo e Milho está desenvolvendo um projeto de pesquisa em parceria com usinas, tendo como regra básica a mesma estrutura da cana-de-açúcar para colheita, moagem, fermentação e destilação com produção de etanol da melhor qualidade. Apesar da importância do estímulo à cultura da cana-de-açúcar, o país precisa de outras opções de possíveis fontes de agroenergia e que as iniciativas em torno desses estudos possam ser estimuladas na mesma proporção. A Embrapa Sorgo e Milho dá base a esse pensamento, tanto que o sorgo sacarino é a opção de produção nas áreas de renovação de canaviais, pois seu ciclo de cultivo e colheita é no período da entressafra da cana-de-açúcar, contribuindo para a redução dos riscos de o produtor rural ficar à mercê do mercado e proporciona a diversificação de culturas.


Produtividade e futuro promissor


Segundo estatísticas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a produtividade de etanol com sorgo sacarino varia em torno de 40 a 70 litros de etanol por tonelada de biomassa variável de acordo com a qualidade da biomassa, ou seja, levando em conta diâmetro de colmo, maturidade, entre outros. Tendo em vista todas as vantagens e facilidade de produção, o sorgo sacarino mostra-se como uma matéria-prima bastante promissora para a produção de etanol em grande escala.

Tipos de solo


O sorgo sacarino é originário do Sudão, portanto, uma cultura rústica e com aptidão para cultivo em áreas tropicais, subtropicais e temperadas. A planta apresenta tolerância a estresses abióticos e pode ser cultivado em diferentes tipos de solos, pois tem fácil adaptação a climas variados. Atualmente há estudos em andamento na Embrapa Clima Temperado que avaliam a viabilidade técnica e econômica do cultivo de sorgo sacarino, mas pelo que já é conhecido, a cultura agrega benefícios tanto para produtores quanto para a indústria e economia do país. Esses mesmos estudos apontam que o sorgo sacarino poderá assumir papel de liderança como matéria-prima para produção de etanol.

Fonte: Rebecca Arruda / Rural Centro



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