História da Raça: Shorthorn

21 Mar 2012

Considerado um dos bovinos mais dóceis do mundo – este é o Shortorn, destaque da Série História da Raça desta semana que traz também uma entrevista exclusiva com o criador e engenheiro agrônomo Jean Pierre Martins Machado.


Origem
Origem no Brasil
Características
Custo de Produção
Entrevista com Jean Pierre, proprietário da Cabanha Santa Isabel
Conselho para quem deseja entrar na atividade
Fotos

Origem

Dados disponibilizados pela Cabanha Santa Isabel mostram que a origem desta raça é a parte noroeste da Inglaterra, no fim do século XVIII, especificamente dos condados de Northumberland, Durham, York e Lincoln.

Exemplar, Shorthorn, Rural Centro, Cabanha Santa EmíliaÉ uma das mais antigas das raças para corte e a segunda raça de bovinos a ter suas características fixadas, além disso, foi a primeira a sofrer um processo de melhoramento genético e a ter uma um livro de registro genealógico em 1822. O Shorthorn é resultado de um processo natural, com intervenção humana.

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Origem no Brasil

Esta raça, provavelmente, chegou ao Brasil no fim do século XIX, após ter passado pela Argentina e Uruguai.

Custo de Produção

Animais de origem Argentina são de frame um pouco menor, portanto apresentam menor custo de manutenção e terminação mais rápida se comparados com animais de origem Norte Americana que geralmente apresentam frame maior.

O produtor tem que ter em mente que a melhor raça para ele é aquela que seu campo poderá manter, e que terá capacidade de produzir rentabilidade na propriedade.

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Já o primeiro animal registrado se chamava “Count Barrington” em 1906.  A partir de então, a raça teve aumento gradativo em seus registros, atingindo o apogeu nas décadas de 60 e 70. Após aquele período, o número de animais registrados se estabilizou e, na década de 80, começou a decrescer.

Na tabela disponibilizada no quadro de fotos mostra a evolução do registro de animais desta raça aqui no Brasil.

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Características e Diferencial do Shortorn

Habilidade materna superior, capacidade leiteira (desmama terneiros pesados), docilidade, alta fertilidade e precocidade sexual, carne de altíssima qualidade com altos graus de marmoreio e maciez constatada por testes de marcadores moleculares.

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Entrevista com Jean Pierre, proprietário da Cabanha Santa Isabel

Rural Centro - Como e quando o senhor iniciou com a criação desta raça bovina?

Jean Pierre - Iniciei a criar Shorthorn em 1998. Já conhecia bem a raça, pois aqui na região onde moro sempre foi bem difundida e apreciada pelos criadores por suas características de engorde, fertilidade e produção de carne de qualidade. Desta forma sendo muito usada para cruzamento com Aberdeen Angus e Hereford.

Naquela época, outras raças estavam em moda, como: Limousin e Aberdeen Angus. Mas ao estudar as características e comparar as mesmas com outras opções de raça, escolhi o Shorthorn. 

Sendo portanto uma opção de mercado para oferecer reprodutores e sêmen para uso em cruzamento industrial, seja para produzir vaca F1 base ou machos para terminação, com os rebanhos de qualquer outra raça, agregando qualidade de carne, fertilidade e precocidade aos animais com sangue zebuíno ou continental e adicionando mais qualidade de carne, rapidez de engraxamento e  docilidade aos rebanhos de sangue britânico. De qualquer forma o Shorthorn iria produzir vigor híbrido aos cruzamentos.

Meus primeiros animais foram duas vacas,  uma novilha e duas terneiras sem registro, porém eram oriundas de uma propriedade que manteve plantel Puro de Origem por várias décadas, portanto, eram animais de pureza incontestável, tanto que todos os cinco ventres foram inscritos no livro de registro de Puros Controlados da ANC Herd Book Collares. Após estes animais, optei por comprar animais PO para ter acesso às exposições a galpão e incrementar meu rebanho.

RC - Existe alguma diferenciação na alimentação deste tipo de raça ou algum cuidado veterinário específico?

JP - Não existe nenhuma diferenciação em nosso sistema quanto à alimentação e cuidados veterinários. Nossa propriedade possui pouca fertilidade, terreno bem arenoso e, consequentemente, com espécies forrageiras nativas de baixa qualidade. No inverno, os animais não recebem suplementação nenhuma, permanecendo em campo nativo e obtendo sustento do que a terra fornece.

Produtos veterinários são usados conforme necessidade, sendo que não são usados produtos demasiado onerosos, por outro lado, não se usam produtos de qualidade duvidosa. Se prima por produtos de laboratórios conhecidos e que possuam eficiência dentro de um custo real.

RC - Qual o conselho que o senhor dá para o produtor que quer entrar neste ramo?

JP - O que eu sempre digo é que temos que adquirir animais de raças que são adaptadas ao nosso meio ambiente. Não podemos cair em modismos ou seguir conversa de vendedor e adquirir genética que não se adapta ao que temos disponível. Você não pode ter uma Ferrari em uma estrada esburacada e embarrada, o mesmo serve para o outro extremo.

Às vezes você tem que abrir mão da raça da moda que você encontra em todas as revistas especializadas por uma raça de pouco alarde, mas que colocará dinheiro em seu bolso.

Modas vêm e vão, a pecuária tem ciclos de preços, de manejos e de raças. Nos últimos 50 anos posso citar ao menos quatro raças que eram as “melhores do mundo” e que se diziam vir para ficar, e que foram, ao seu tempo, trocadas por outras.

RC - Mais alguma dica ou consideração final?

JP - Finalizando, posso dizer que a atividade pecuária necessita ser rentável e para isso temos que usar a maior quantidade de ferramentas que dispomos. Hoje vivemos uma era maravilhosa, cheia de novidades, tecnologias e descobertas. Muitas coisas novas serão descobertas, assim como muitas verdades ditas imutáveis serão atiradas por terra.

O produtor comercial tem que usar uma grande ferramenta que é a heterose ou vigor híbrido, através de cruzamentos bem planejados. Há que ter planejamento para cinco ou seis anos, incluindo neste ponto a visão geral de sua propriedade como um todo.

O shorthorn é uma raça que serve para produção de fêmeas meio sangue e o macho serve muito bem para ser usado em cruzamento terminal, pois irá agregar uma rápida terminação e qualidade à carne de sua progênie. Além disso, a carne possui alto marmoreio e gorduras de cobertura, somados a uma extrema maciez. Estes dados são avaliados pelos modernos estudos de marcadores moleculares, onde mostram que a raça Shorthorn possui mais de 95% de genes para maciez e marmoreio.

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Fonte: Ana Brito / Rural Centro



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