USDA ajusta para cima estimativas para áreas de soja e milho nos EUA

02 Jul 2012
Apesar das especulações nos últimos meses sobre o possível aumento na área cultivada com soja nos Estados Unidos nesta safra 2012/13 - o que ajudaria a aliviar a tensão com a oferta apertada após a quebra da safra 2011/12 na América do Sul -, quando o avanço foi confirmado, na sexta-feira passada, o mercado praticamente deu de ombros para os números.
Os motivos? O bom humor do mercado financeiro e a derrocada do dólar, por conta de uma nova onda de otimismo na zona do euro, uniram-se aos temores com o "mercado de clima" e sustentaram os grãos - ainda que alguns dados do relatório possam ser considerados baixistas.
De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a área com soja no país deverá alcançar 30,79 milhões de hectares no ciclo em curso, acima dos 30,58 milhões de hectares esperados por analistas e dos 29,9 milhões de hectares estimados pelo órgão em março.
A projeção para o milho também cresceu. A área do cereal foi calculada em 39 milhões de hectares, ante os 38,83 milhões aguardados pelo mercado e os 38,79 previstos no último relatório do USDA. "Os preços tiveram uma reação inicial negativa, mas depois o foco retornou ao clima", afirma Pedro Dejneka, analista da Futures International.
Assim, na bolsa de Chicago, os contratos de soja para agosto (que ocupam a segunda posição de entrega, normalmente de maior liquidez) fecharam em forte alta de 35,50 centavos, a US$ 14,8175 por bushel. Os papéis de vencimento mais curto, para julho, encerraram acima de US$ 15 por bushel, patamar próximo do recorde histórico.
"É possível que os contratos mais ativos também caminhem para esse nível, caso a condição climática nos EUA não melhore. Basicamente, é só não chover o suficiente para que a alta dos preços continue", prevê Vinícius Ito, analista do Jefferies Bache, em Nova York. Os contratos de milho para setembro avançaram 2,25 centavos, para US$ 6,2850 por bushel.
Os mapas climáticos divergem. Para esta semana, existem chuvas tanto no modelo europeu de previsão quanto no americano, mas as precipitações nos mapas europeus são menos abrangentes e mais leves. Como o clima seguiu desfavorável nos últimos dias, uma nova queda na qualidade das lavouras de soja e milho deve ser anunciada.
"Esperamos um recuo de 2% a 4% nas lavouras americanas consideradas boas ou excelentes", diz Ito. O momento é mais crítico para o milho, que se aproxima da polinização, fase determinante para o nível de produtividade. "O rendimento do grão nos EUA pode ficar abaixo de 10 toneladas por hectare", acredita o analista.
Ainda no relatório de sexta-feira, o USDA apontou estoques americanos de soja em 18,15 milhões de toneladas em 1º de junho, um crescimento de 8% em relação ao mesmo período do ano passado. "Apesar da alta, no contexto, esse número ainda é apertado. Os estoques na América do Sul estão quase zerados, o que significa que os dos EUA provavelmente terão que aguentar a pressão do mercado importador até a entrada da nova safra, em outubro", diz Dejneka.
Em relação ao milho, houve um decréscimo nos estoques de 14%, para 80 milhões de toneladas, abaixo das expectativas do mercado, que apontavam para 80,8 milhões de toneladas.
Fonte: Valor Econômico