Manejo de ovino pantaneiroA Ovelha Pantaneira é o resultado de anos de seleção natural nos rebanhos de ovinos criados na região do pantanal, desde o início da colonização efetiva daquela região há, pelo menos, 300 anos.

De maneira geral, os ovinos que lá começaram a ser criados foram inseridos por colonizadores espanhóis primeiramente e, num segundo momento, por portugueses, como criação de subsistência.

Desde então os ovinos que conseguiram adaptar-se à região sobreviveram e tiveram condições de passar as características adaptativas aos seus descendentes.

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Ao longo dos anos, diversas outras reintroduções de outras raças foram sendo feitas pelos criadores, seja com o intuito de melhorar o plantel existente, seja como resultado de compras ou trocas em outras regiões, efetivadas por novos proprietários ou por residentes preocupados em expandir suas criações.

Assim, após a avaliação genética dos ovinos provenientes de diversas regiões do Pantanal e que compõem o atual rebanho da Fundação Manoel de Barros, no Centro Tecnológico de Ovinos (CTO) da Universidade Anhanguera-Uniderp, foi observado que os Ovinos Nativos Pantaneiros são parentes próximos das raças naturalizadas brasileiras deslanadas (Santa Inês, Morada Nova, Somalis Brasileira e Rabo Largo) e das raças naturalizadas ou locais lanadas (Bergamácia Brasileira e Crioula Lanada).

O fato é que nestas idas e vindas de novos animais, houve introduções de diversas raças de ovelhas, conseguindo permanecer no ambiente inóspito pantaneiro, aquelas mais bem adaptadas. Por causa de sua adaptabilidade, estas raças deixaram descendentes, por cruza com a pantaneira, diferentemente daquelas raças européias pouco ou não adaptadas.

Para se falar das aptidões da Ovelha Pantaneira devemos, primeiramente, entender o ambiente Pantanal: região muitas inóspita, dividida em duas estações sazonais, sendo uma a das chuvas e a outra das secas.

Durante as chuvas, os animais têm que acostumar a viver em um ambiente sempre encharcado, com muito barro, mas alimento abundante, altas temperaturas variando de 38-40 graus Célsius, muitos insetos e predadores nas planícies, como onça pintada, parda e jaguatirica, além de sucuris e jacarés dentro d'água. Ainda há as aves de rapina que fazem grande estrago quando da época do parto, atacando a mãe e a prole no nascimento.

Além disso, a vegetação é densa, repleta de espinhos e carrapichos. Existe em tipo de pastagem a qual varia em muito a qualidade ao longo do ano, mesmo assim, os ovinos se adaptaram bem em consumir outras folhagens de arbustos e árvores, além das forrageiras.

Durante a estação das secas, muitas áreas ficam quase que totalmente privadas de água para beber, toda a vegetação fica ressequida e há variações de temperatura extremas e repentinas, como 38 graus Célsius de dia e queda para 2 graus, ou até menos, durante a madrugada com a chegada de frentes frias.

Em vista deste cenário de região inóspita, os animais que não conseguem se adaptar não deixam descendentes.

Ovino pantaneiroAssim, a destas ovelhas serve-lhes como protetor contra o sol, o frio e a água das chuvas, mantendo-as sempre em homeostasia com o ambiente. Observa-se pouca ou nenhuma lã nas pernas, barriga e pescoço, locais que permaneceriam mais tempo molhadas quando da necessidade de se locomoverem em locais repletos de água e em vegetação com muitos carrapichos e que fatalmente se enroscariam nas partes baixas quando por locais muito sujos transitassem os animais. Por este motivo, a lã não é de boa qualidade para a confecção de roupas, mas é comprida o suficiente para a confecção de artesanatos com mantas e baxeiros.

Outra característica da ovelha pantaneira é ser de porte pequeno a médio e não acumular gordura subcutânea em excesso. Por isso, tem-se a impressão de estarem sempre muito magras e revelam não terem exigências calóricas elevadas, o que caracteriza sua rusticidade.

Seus cordeiros nascem pequenos (3kg em média) e, quando submetidos a sistema intensivo de alimentação, permanecem em confinamento após desmama por apenas 60-90 dias, dependendo do sistema de produção adotado, e podem ir para o abate por volta dos cinco meses de idade. Ou seja, têm grande potencial de engorda.

Tanto os machos como as fêmeas são precoces sexualmente e não possuem sazonalidade reprodutiva (as fêmeas emprenham em qualquer época do ano), assim, observa-se o nascimento de cordeiros ao longo de todo o ano.  Esta é uma característica de ovinos adaptados às regiões equatoriais e subequatoriais onde as durações de sol ao longo do dia variam pouco durante o ano e as estações do ano não são bem marcadas.

Pesquisas desenvolvidas e em desenvolvimento no CTO - Centro Tecnológico de Ovinos
Centro Tecnológico de Ovinocultura - CTO• Origem e diversidade genética da ovelha pantaneira;
• Comportamento estacional reprodutivo de ovelhas pantaneiras em Mato Grosso do Sul;
• Efeito da estacionalidade no desempenho reprodutivo de carneiros em dogrupo genético pantaneiro;
• Características clínicas do parto, involução uterina e associação com a fertilidade em ovelhas do pantanal Sul-Mato-Grossense;
• Características da lã de ovinos nativos pantaneiros;
• Avaliação da carcaça de cordeiros Nativos Sul-mato-grossense, ½ Texel e ½ Santa Inês em confinamento;
• Avaliação de área de olho de lombo de cordeiros com diferentes metodologias;
• Composição de ácidos graxos do lombo de cordeiros de diferentes grupos genéticos terminados em confinamento;

Estes trabalhos se referem à identificação de ovelhas que se adaptaram ao Mato Grosso do Sul, principalmente ao Pantanal e região em torno. Foram feitas avaliações genéticas e após as mesmas, chegou-se à conclusão que estes ovinos são parentes de ovelhas lanadas do sul e deslanadas do nordeste, além de ter outras raças como formadoras para a formação da “Pantaneira”. Ainda faltam estudos para se caracterizar estes ovinos e se registrar como raça.

Estudos que vêm sendo realizados pela Fundação Manoel de Barros e Anhanguera-Uniderp, juntamente com a Embrapa, estão caracterizando o Grupo Genético Pantaneiro, até que se chegue à denominação de raça.

As características destes ovinos avaliadas pelos estudos são:
Carcaça de ovino pantaneiro• Tanto as fêmeas como os machos não têm estacionalidade nem fotoperiodismo negativo;
• Têm boa produção de carne, respondem bem em sistemas de confinamento;
• Os resultados de cruzamento industrial produziram proles pesadas e com bom acabamento em confinamento.
Carne com gordura entremeada e de boa qualidade;
• Produzem lã de baixa qualidade para a indústria têxtil;
• São rústicas, de pequeno e médio porte;

Projeto Troca de Ovinos
Além dos estudos que estão sendo desenvolvidos, a Fundação Manoel de Barros a Universidade Anhanguera-Uniderp e o poder público estadual (Seprotur) desenvolveram o projeto de extensão "Troca de Ovinos", com a intenção de desenvolvimento e preservação do ovino pantaneiro.

A Seprotur faz o credenciamento dos interessados e nós os selecionamos para ver se têm condições de participarem do projeto.  Preferencialmente, escolhemos regiões onde os produtores podem formar núcleos, então, temos trabalhado com 5 produtores de uma região, que pode ser em assentamentos (nosso foco) , pequenas propriedades vizinhas, ou até em condomínios.

Fazemos visitas nas propriedades para ver se elas estão adequadas para a atividade. Uma vez enquadrados, os futuros participantes passam por um treinamento geral em relação a manejo, sanidade e reprodução de ovinos. Depois de capacitados, marcamos a data para a entrega dos animais.

Fornecemos, em forma de comodato, 15 ovelhas prenhes para cada produtor em um grupo de 5 no máximo. Estes produtores têm o compromisso de nos devolver, em três anos, o mesmo número de ovelhas prenhes, do mesmo grupo genético, sem outro cruzamento. O município, pelo Sedesc, a Seprotur, a Uniderp, enfim, todos envolvidos seguem dando apoio ao que for necessário para o desenvolvimento a contento da atividade.

Fornecemos o carneiro quando houver necessidade e orientamos o acasalamento. Na época da entrega, podemos recolher as ovelhas, mas também podemos repassá-las para outros produtores que estejam entrando no projeto.

Deixamos bem claro que não é assistencialismo, não é doação pura e simples e quem não tiver o perfil não pode entrar no projeto. Temos muitos inscritos, porém poucos com condições e ainda assim corremos o risco de termos dissabores ao longo do tempo.

Nós estamos trabalhando com uma ovelha  identificada há algum tempo, seguimos com estudos para caracterizá-la como raça. No momento estes ovinos têm o nome de grupo genético Ovino Nativo Pantaneiro. Nosso intuito é ampliar e proteger este material genético.

Em linhas gerais é isto.



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